E finalmente parece que Israel vai ter um governo. Depois de muita disputa e articulação, Benjamin Netanyahu deve ser mesmo o próximo primeiro-ministro, após convencer o Partido Trabalhista a se unir à coalizão.
Numa manobra envolvendo encontros noturnos secretos com o líder do partido, Ehud Barak, Bibi convenceu-o a levar a decisão para ser votada entre os delegados. Mesmo com muita discussão, discursos inflamados e uma série de acusações, a maioria optou por fazer parte do próximo governo.
Se entre os ideólogos do Trabalhismo israelense a decisão causa um racha – afinal, como um partido de esquerda pode se aliar ao de direita e ainda por cima legitimar o governo Bibi – a coalizão pode ser um alívio. Até para a Casa Branca.
Aliás, esse pode ter sido um dos principais motivos para Netanyahu ter dado pastas importantes a trabalhistas. Barak continuará ministro da defesa, e seu partido receberá o cobiçado Ministério de Indústria, Trabalho e Comércio, além de Assuntos Sociais, Agricultura e mais um ministério sem pasta.
O prestígio dado por Bibi a Barak está causando ciumeira até mesmo no próprio Likud – partido de Netanyahu.
Importante mesmo foram as palavras de Barak, que se despiu de argumentos ideológicos para citar a responsabilidade suprapartidária de governar Israel. E nesse caso é isso mesmo, embora em todo o lugar do mundo os políticos ambicionem o poder, pura e simplesmente.
Como o país atravessa um momento-chave, é preciso abrir mão de determinadas opções individuais para continuar a existir. Neste caso, Bibi prefere ter os Trabalhistas com mais força aos partidos religiosos. Barak obviamente quer permanecer no poder. Da mesma forma, Bibi precisa mostrar a Obama que seu governo será mais suave nas negociações de paz com os palestinos do que o resto do mundo imagina.
É melhor contar com trabalhistas nas fileiras do governo a entregar ministérios de primeiro escalão a partidos ortodoxos – que naturalmente inviabilizariam as negociações com os palestinos, além de estarem longe de fazer a cabeça de Bibi em assuntos importantes, como a política educacional, por exemplo.
Uma mão lava a outra neste caso na nova relação estabelecida entre o Partido Trabalhista e o Likud.
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