As autoridades da área de política externa brasileira preferem se manter em silêncio sobre a condenação do presidente sudanês Omar al-Bashir pelo Tribunal Penal Internacional por conta do massacre de Darfur. A complacência do Brasil mostra o quanto a diplomacia do país é regida por determinações incoerentes. Para azar de Brasília, a decisão do TPI ocorre pouco mais de um mês depois de o PT ter usado termos fortes – como terrorismo e comparação ao Holocausto – para condenar a invasão israelense em Gaza.
Na época, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro enviou um avião militar com suprimentos para a população palestina. Até aí, tudo muito justo. O próprio ministro Celso Amorim esteve no Oriente Médio e se encontrou com a colega Tzipi Livni para “cobrar explicações”.
Naquele momento, o país tentava costurar uma estratégia que pretendia deixar claro um princípio considerado importante pela equipe de relações exteriores: a busca pela justiça no cenário internacional. Mesmo se atropelando em hierarquias, dados históricos absolutamente equivocados e um maniqueísmo que em nada ajuda a situação do Oriente Médio, o Brasil manifestou sua opinião.
Mas agora, diante de um massacre que desde 2003 fez cerca de 300 mil vítimas (mais de 230 vezes o número de mortos em Gaza), o Brasil preferiu se calar. A bandeira da justiça nas relações internacionais defendida pelo país no mês passado simplesmente foi esquecida.
Tudo em nome da vaga permanente ambicionada no Conselho de Segurança da ONU.
O cálculo é simples: são necessários 128 votos para aprovar qualquer proposta de reforma no órgão. A Liga Árabe e a União Africana somam 65 votos. Como os dois organismos multilaterais são contrários à resolução do TPI, Brasília decidiu não bater de frente com os países que entendem que a morte de 300 mil pessoas não corresponde a um massacre.
“O ponto alto desse vexame se deu no final de 2007, quando o Brasil, no Conselho de Direitos Humanos, se absteve de votar uma resolução que exigia o julgamento dos sudaneses responsáveis pelo massacre
Uma fonte interna do governo foi ouvida pelo próprio Estadão. E explicou como a cúpula em Brasília entende o atual genocídio.
"Mesmo com todas as atrocidades cometidas, a guerra de Darfur foi um conflito entre tribos nômades pastoris e sedentárias agrícolas. Todos eram islâmicos", diz.
Ou seja, a partir deste raciocínio, podemos concluir que o governo brasileiro só vai manifestar sua opinião em conflitos envolvendo distintos grupos religiosos. Mesmo tendo o claro objetivo de dizimar etnias não-árabes, Bashir pode ficar tranquilo, segundo nossos “especialistas”.
Ainda de acordo com esta “lógica”, o governo brasileiro não deverá se posicionar externamente no conflito da Irlanda (são todos cristãos), entre separatistas bascos e a Espanha (novamente, todos cristãos) e, retroativamente, nunca deveria ter se manifestado na Guerra entre Irã e Iraque que matou 1 milhão de pessoas (afinal, eram todos muçulmanos).
O silêncio em Darfur simplesmente elimina qualquer credibilidade do governo brasileiro na resolução dos conflitos internacionais.
Um comentário:
a especialidade nao e brasileira meu amigo
mas de todo mundo!seja pelo que vc escreveu por simplesmente acharem a Africa um continente que eternamente dorme so que jamais em berço esplendido
veja o que os eua fazem:nada!
os paises da ue?bem pouco
só a china , e por causa do petroleo angolano...e nada mais!
Postar um comentário