A violência que acompanha o tráfico de drogas se espalhou de uma maneira incontrolável pelo México. Este é um problema que afeta toda a América Latina, mas recebe maior atenção por lá por conta da proximidade com os Estados Unidos. Se é sorte ou azar isso me parece ser outra questão. Mas se sabe que há tempos o governo dos EUA está de olho no problema. Tanto que Bush chegou a providenciar um relatório sobre o tráfico de drogas no país vizinho. O estudo foi liberado somente neste ano e apresenta dados importantes.
Somente no ano passado houve mais de 6 mil mortos na batalha entre autoridades mexicanas e traficantes. Apenas no mês de janeiro deste ano, já morreram mil pessoas.
Num processo semelhante ao aplicado por quadrilhas brasileiras, os grandes chefões do tráfico mexicano têm um lucro astronômico. O documento do governo norte-americano estima que as quadrilhas recebam entre 50 e 70 milhões de dólares em pagamentos por “proteção” concedida pelos bandidos a fazendeiros. Além disso, entre 200 e 400 milhões de dólares vêm de “impostos” obtidos no processamento e no tráfico das drogas.
A simbiose entre EUA e México no mundo do crime é fundamental para a manutenção e o sucesso da indústria. O México é apontado como o principal ponto de entrada para a cocaína nos Estados Unidos e também origem de boa parte da heroína, maconha e meta-anfetamina consumida pelos norte-americanos.
O problema está longe de ser superado, e os mexicanos continuarão a morrer. A culpa obviamente é dos bandidos, mas parte da solução poderia passar pelo congresso americano. Poderia, mas não vai acontecer.
Ao contrário do que acontece no Brasil, onde o tráfico obtém armamento por meio de remessas ilegais do exterior ou o faz roubando paióis da polícia ou das forças armadas, as quadrilhas mexicanas simplesmente adquirem as armas legalmente. E nos Estados Unidos. A legislação americana permite a compra de armamento e munição por qualquer pessoa em boa parte dos estados do sul do país.
Segundo o Los Angeles Times, cerca de 6 mil negociadores americanos no Texas, Novo México e Califórnia proveem pistolas e rifles às quadrilhas do país vizinho. Para o colunista Timothy Rutten, a solução seria relativamente simples: deixar de tratar o vício de drogas nos EUA como um problema de polícia e, ao mesmo tempo, impedir a venda legal de armas responsável por gerar violência no México, alimentar a indústria do tráfico e, no final das contas, inundar os Estados Unidos de droga.
“Se os americanos estão realmente preocupados quanto às consequências impostas pelos narcotraficantes mexicanos, então precisamos fazer sérias e duras perguntas sobre nossas próprias ilusões políticas e culturais”, diz Rutten.
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