A foto do entusiasmado beijo do presidente israelense, Shimon Peres, na secretária de Estado americana, Hillary Clinton, foi estampado na capa de alguns dos principais jornais do mundo. Foi assim também por aqui. Soa irônico o afeto demonstrado no primeiro giro da administração Obama ao Oriente Médio. Muito porque um dos resultados mais comentados desta viagem à região foi a dura que os Estados Unidos impuseram a Israel.
A mensagem oficial deixa claro que Washington quer o congelamento da expansão dos assentamentos judeus na Cisjordânia e a retomada do processo de paz com os palestinos. Benjamin Netanyahu – cujo cargo ainda é o possível vir a ser o próximo primeiro-ministro de Israel – teve de ouvir diretamente de Clinton esta determinação americana por mais que todo mundo saiba de suas restrições à criação de um Estado palestino soberano.
O objetivo principal da viagem foi desfazer a impressão dos demais países de que os EUA não são um interlocutor confiável. Por isso também o anúncio do envio de dois altos oficiais à Síria para retomar o diálogo entre os países – rompido desde o assassinato do primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, em 2005, já que existe grande suspeita de que Damasco teve participação no atentado que resultou em sua morte.
A Síria não se fez de rogada e recebeu bem a iniciativa americana de enviar dois funcionários de alto-escalão: Dan Shapiro e Jefrey Feltman – este último o mais graduado diplomata do Departamento de Estado para o Oriente Médio. Curiosamente, dois judeus.
Ao mesmo tempo, em entrevista à Al Jazira, o porta-voz da embaixada síria em Washington antecipou as demandas do país no primeiro encontro com autoridades americanas:
“Deixamos muito claro que estamos preocupados com as políticas dos Estados Unidos de dar carta branca aos israelenses”, diz Ahmed Salkini
Como o tabuleiro politico da região é bastante complexo, nos bastidores já se admite que o discurso adotado na visita de Clinton e a aproximação com Damasco têm como alvo, na verdade, o Irã. Na segunda-feira, ao se encontrar com um ministro árabe, ela teria admitido que as negociações com os sírios pretendem atingir também Teerã, uma vez que a administração Obama ainda é cética quanto à possibilidade de alcançar um diálogo direto com Ahmadinejad.
Como Síria e Irã são aliados diretos, negociar com Bashar Assad pode ser o primeiro passo para sensibilizar os iranianos. Para completar esta estratégia, nada melhor do que aumentar o tom das críticas a Israel neste momento específico.
Apesar de parecer coerente, o jornalista do Jerusalem Post e da revista americana The New Republic Shmuel Rosner é cético quanto ao sucesso desta empreitada.
“Se entendi corretamente as declarações de Clinton sobre o Irã, fazer um ‘show’ tem se tornado um hábito para a equipe de Obama nesta parte do planeta. O principal ato deste ‘espetáculo’ é levar Teerã a aderir a ele; o outro objetivo seria avançar com o processo de paz. Infelizmente as chances de ambos serem bem-sucedidos me parecem bastante reduzidas a partir da estratégia atual”, diz.
A mensagem oficial deixa claro que Washington quer o congelamento da expansão dos assentamentos judeus na Cisjordânia e a retomada do processo de paz com os palestinos. Benjamin Netanyahu – cujo cargo ainda é o possível vir a ser o próximo primeiro-ministro de Israel – teve de ouvir diretamente de Clinton esta determinação americana por mais que todo mundo saiba de suas restrições à criação de um Estado palestino soberano.
O objetivo principal da viagem foi desfazer a impressão dos demais países de que os EUA não são um interlocutor confiável. Por isso também o anúncio do envio de dois altos oficiais à Síria para retomar o diálogo entre os países – rompido desde o assassinato do primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, em 2005, já que existe grande suspeita de que Damasco teve participação no atentado que resultou em sua morte.
A Síria não se fez de rogada e recebeu bem a iniciativa americana de enviar dois funcionários de alto-escalão: Dan Shapiro e Jefrey Feltman – este último o mais graduado diplomata do Departamento de Estado para o Oriente Médio. Curiosamente, dois judeus.
Ao mesmo tempo, em entrevista à Al Jazira, o porta-voz da embaixada síria em Washington antecipou as demandas do país no primeiro encontro com autoridades americanas:
“Deixamos muito claro que estamos preocupados com as políticas dos Estados Unidos de dar carta branca aos israelenses”, diz Ahmed Salkini
Como o tabuleiro politico da região é bastante complexo, nos bastidores já se admite que o discurso adotado na visita de Clinton e a aproximação com Damasco têm como alvo, na verdade, o Irã. Na segunda-feira, ao se encontrar com um ministro árabe, ela teria admitido que as negociações com os sírios pretendem atingir também Teerã, uma vez que a administração Obama ainda é cética quanto à possibilidade de alcançar um diálogo direto com Ahmadinejad.
Como Síria e Irã são aliados diretos, negociar com Bashar Assad pode ser o primeiro passo para sensibilizar os iranianos. Para completar esta estratégia, nada melhor do que aumentar o tom das críticas a Israel neste momento específico.
Apesar de parecer coerente, o jornalista do Jerusalem Post e da revista americana The New Republic Shmuel Rosner é cético quanto ao sucesso desta empreitada.
“Se entendi corretamente as declarações de Clinton sobre o Irã, fazer um ‘show’ tem se tornado um hábito para a equipe de Obama nesta parte do planeta. O principal ato deste ‘espetáculo’ é levar Teerã a aderir a ele; o outro objetivo seria avançar com o processo de paz. Infelizmente as chances de ambos serem bem-sucedidos me parecem bastante reduzidas a partir da estratégia atual”, diz.
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