segunda-feira, 23 de março de 2009

Funes paz e amor

A vitória de Mauricio Funes nas eleições presidenciais de El Salvador na semana passada é mais uma evidência da guinada à esquerda que vem ocorrendo na América Latina. Com uma margem apertadíssima de pouco mais de dois pontos de vantagem sobre o concorrente Rodrigo Ávila – do conservador Arena. Aliás, um nome que remete a uma lembrança amarga para os brasileiros -, as primeiras declarações do presidente eleito tiveram como objetivo acalmar críticos, mercado, investidores e a imprensa internacional.

Não. El Salvador não será uma nova Venezuela, disse o ex-jornalista hoje político e que chegou a ser correspondente da CNN no país. Ele também negou intenções de reverter privatizações e deixou claro que promoverá boas relações com os Estados Unidos.

Afinal, um quarto dos salvadorenhos vive e trabalha nos EUA, sendo que 18% do Produto Interno Bruto (PIB) do país são de remessas de dinheiro enviadas de território americano.

Funes é filiado à Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), grupo guerrilheiro transformado em partido político após os acordos de paz de 1992 que puseram fim à guerra civil que deixou cerca de 75 mil mortos e mais de 8 mil desaparecidos.

O presidente eleito de El Salvador ingressou na política já no período do pós-guerra.

Casado com uma brasileira, Funes escolheu o Brasil como destino de sua primeira viagem após a vitória. O presidente Lula é citado pelo jornalista como um modelo da esquerda responsável que será seguido por seu governo.

Mais do que isso, Funes vem se mostrando um publicitário inesperado dos ganhos obtidos pela administração Lula. Aliás, as condições políticas antes da vitória da esquerda em El Salvador lembram bastante o período eleitoral brasileiro em 2002.

O partido conservador tentou de todas as formas criar um clima de pânico, citando a ameaça à propriedade privada como uma das plataformas do candidato de esquerda.

Lula sai fortalecido involuntariamente das eleições em El Salvador. Mais uma vez, a imprensa internacional destaca o papel do presidente brasileiro na consolidação de um governo de centroesquerda responsável, democrático e que honra compromissos com o capital externo.

“A esquerda na América Latina já não pode ser descrita numa única frase. Na Venezuela, o presidente Hugo Chávez combina populismo econômico e autoritarismo, enquanto os governos de Brasil e Chile adotam políticas amistosas de investimento próximas das sociais-democracias europeias”, diz reportagem publicada no The New York Times.

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