Um dia depois do presidente Barack Obama se encontrar com o aliado egípcio Hosni Mubarak, o jornal Haaretz publica a declaração de uma fonte do Cairo afirmando que o líder americano prometeu apresentar seu plano de paz para o Oriente Médio em setembro. É um envolvimento tardio de Washington no conflito árabe-israelense. Resta saber, entretanto, no que consiste este novo esforço diplomático na região.
Por ora, acho que uma das esperanças está justamente
Seja como for, se houver alguma coerência, a vaidade poderá se tornar uma grande aliada para os esforços de paz. Afinal, Mubarak pode vir a se debruçar sobre o assunto com mais empenho, uma vez que nada seria melhor do que deixar a vida e entrar para a História como um dos artífices do acordo definitivo que selará a paz no Oriente Médio.
Mas nada é tão simples como parece; mesmo pequenos passos em direção a uma aproximação entre Israel e os demais países árabes demandam conversações extensas e, muitas vezes, improdutivas.
Washington tem pressionado Estados árabes moderados a permitir sobrevoos de companhias aéreas israelenses sobre seus territórios, mas, até o momento, nenhum resultado prático foi obtido. Os EUA também têm requisitado a abertura de seções de interesse de Israel em embaixadas de outros países no mundo árabe, além do estabelecimento de parcerias culturais. Por ora, nenhum dos pedidos foi recebido com ânimos pelos países.
Acredito que este é o caminho mesmo. Não adianta iniciar os diálogos com objetivos audaciosos, como a assinatura de um acordo amplo e definitivo. É preciso começar com pretensões mais modestas, aumentando a confiança entre as partes e diminuindo a desconfiança mútua.
Talvez Mubarak pudesse ser mais participativo neste processo. Ao menos seria uma resposta à altura dos 1.3 bilhão de dólares que os EUA transferem para o governo egípcio anualmente desde 1979.
Do lado israelense, se ainda não houve um congelamento total dos assentamentos, ao menos foram canceladas as permissões para a construção de novas colônias na Cisjordânia. Pode ser um começo, quem sabe.
2 comentários:
Henry
Uma única eleição livre no Egito levaria ao poder um Parlamento com forte influência fundamentalista.Sadat tinha o Sinai com trunfo e, mesmo assim, pagou com a vida.
A questão não é mais congelar os assentamentos. Pois, no ponto em que estão, já tornam qualquer Estado Palestino inviável. A eleição de um pacifista judeu para a direção do Fatah aponta para uma estratégia "sul africana" dos moderados palestinos:assumir a anexação e deixar a demografia resolver o resto.
Nélio
Acho que congelar os assentamentos pode ser no mínimo uma forma de demonstrar boa-vontade para voltar a negociar. Por mais que eles tornem o Estado Palestino inviável hoje, nada impede que, como em Gaza, Israel decida retirá-los em algum momento. Torço para que isso aconteça, muito embora fique claro que questões como demografia e para onde deverão retornar os refugiados palestinos são bem mais importantes e - todas elas juntas - vão acabar, cedo ou tarde, mudando as fronteiras de Israel e do futuro Estado Palestino.
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