Estados Unidos e Rússia estão se degladiando no cenário internacional. Com diferentes objetivos e estratégias, os países têm cortejado aliados em embates indiretos e - é bem provável - desconexos. Acho que vale citar dois sinais recentes e interessantes sobre novos atores e regras do jogo.
Washington vem tentando uma reaproximação com Damasco. Não é segredo pra ninguém como Obama prefere a tática do engajamento à do conflito. Neste caso, a intenção é desarmar não apenas os ânimos, mas também buscar que a Síria exerça por constrangimento um papel ativo no apaziguamento do Oriente Médio.
Para usufruir de maior legitimidade, o presidente americano tem preferido condenar Israel publica e seguidamente por conta da expansão dos assentamentos judeus na Cisjordânia.
Na última semana, o enviado do Departamento de Estado George Mitchell se reuniu com o presidente Bashar Assad em busca de cooperação militar e relaxamento de tensões e sanções impostas pelos EUA principalmente após o assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, em 2005.
É bastante claro que a aproximação com a Síria é alvo de polêmica. Para ilustrar, abaixo um trecho do editorial publicado neste domingo pelo Wall Street Journal – veículo que segue linha editorial de oposição à atual política externa da Casa Branca.
“Manter laços estreitos com os xiitas Irã e Hezbolah é um elemento-chave para a sobrevivência política de Assad. Ao contrário do Egito de Anwar Sadat dos anos 1970, o presidente sírio não dá qualquer sinal de que pretende dialogar com Israel e ainda abriga o líder do Hamas em Damasco. Devemos perguntar o que a Administração Obama pode oferecer à Síria que seja capaz de alterar essas premissas”.
Já Moscou se aproxima ainda mais de Teerã. Não é de hoje que os países mantêm diálogos bastante próximos. A Rússia inclusive é fornecedora de material, tecnologia e conhecimento científico que auxilia os iranianos na construção de usinas nucleares.
Na semana passada, ficou bem claro que novos passos estão a caminho para aprofundar a relação. De acordo com a agência de notícias iraniana Mehr News, Rússia e Irã vão conduzir manobras navais conjuntas no Mar Cáspio. O exercício militar será o primeiro entre os dois países e vai envolver navios e helicópteros.
Os objetivos oficiais são aumentar a coordenação, realizar operações de busca e resgate e prevenir a contaminação do mar. É estranho mesmo, mas a manobra tem objetivos simbólicos, como confundir ainda mais a comunidade internacional. Afinal de contas, cada vez fica menos claro por qual lado da balança de poder a Rússia decidiu optar.
Resta saber onde Moscou e Washington vão se enfrentar. No Conselho de Segurança da ONU – em que ambos possuem poder de veto – ou exercendo pressão para evitar – ou incentivar – um conflito de possibilidades catastróficas no Oriente Médio?
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