A libertação do terrorista líbio que explodiu o avião da Pan Am continua a gerar polêmica. Não poderia ser diferente. Primeiro, porque é realmente absurda, chegando quase a alcançar o status do que o jargão jornalístico costuma chamar de “faits divers” (o fato diverso, o chocante pela natureza fora do comum do acontecimento); segundo porque envolve dois dos países do circuito “Helena Rubinstein” – Estados Unidos e Grã-Bretanha.
Agora, existe a suspeita de que o caso possa se transformar num roteiro pronto da franquia “Missão Impossível”. Há suspeitas de que tudo seja parte de um grande jogo político entre britânicos e líbios cujo resultado proporcione ao governo de Londres acesso às reservas de petróleo e gás de Kadafi. Aliás, o filho do ditador afirma que Megrahi – o único condenado pelo atentado de 1988 – tenha sido usado como moeda de troca entre os dois países.
Como elemento ainda mais curioso, há também o nacionalismo escocês, cujo Judiciário é o responsável pela decisão de deixar o terrorista líbio morrer
O problema é que faltou combinar com os Estados Unidos – além de ser uma das partes mais interessadas, é também o país capaz de pressionar e manter a polêmica em torno do caso.
A Pan Am era uma empresa americana. Dos 270 mortos no atentado, 180 eram americanos. É natural que Washington continue a exigir respostas por essa super mal-contada tramoia.
“A Escócia não era o alvo da bomba colocada por Megrahi. Os americanos eram os alvos. Se o artefato tivesse explodido dois minutos antes do planejado, o avião teria caído na Inglaterra; dez minutos depois, em águas internacionais. A jurisdição escocesa é um completo acaso”, escreve no londrino Times o articulista David Aaronovitch.
A história toda está bem longe de um ponto final.
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