Ao mesmo tempo em que se tornou um sucesso, a operação liderada por Bill Clinton que levou de volta aos Estados Unidos duas jornalistas americanas presas por cruzarem a fronteira norte-coreana levantou algumas hipóteses: até que ponto Hillary Clinton é subestimada e substituída em assuntos importantes da política externa dos EUA? Será que este pode ser um começo de uma aproximação entre Washington e Pyongyang?
No caso dos Clinton, existe de tudo um pouco. Obama e Hillary são divergentes em muitos aspectos, que incluem o diálogo com o Irã, o processo de paz no Oriente Médio e por aí afora.
Bill é um ex-presidente vaidoso. Enviá-lo numa missão importante serve a dois propósitos: ele possui legitimidade internacional capaz de abrir portas – como de fato ocorreu – e mina um pouco da resistência a Obama representada pelo casal, evidente durante as primárias dos Democratas no ano passado.
Como recorda John Delury em artigo publicado na Far Eastern Economic Review, Bill Clinton nem sempre foi recebido com flores na Coreia do Norte. Nos primeiros anos de seu mandato, por pouco os dois países não iniciaram um conflito militar. Mas, com o auxílio do ex-presidente Jimmy Carter, um acordo foi firmado entre as partes em 1994.
São as ironias da política. Sobre uma aproximação com os norte-coreanos, a missão de Bill pode ser o início de uma nova relação. É bom ficar atento, entretanto, porque o líder Kim Jong-il costuma fazer uso deste expediente: ora acena com a possibilidade de um acordo – como aconteceu no ano passado –, ora se afasta e resolve lançar mísseis sobre o Mar do Japão.
Mas, como Pyongyang está precisando de dinheiro, é bem capaz de o dirigente do país decidir se reunir com as potências que tentam ano após ano pagar em troca da interrupção do programa nuclear norte-coreano.
O post de amanhã será dedicado a um dos protagonistas desta novela: a Rússia. Na próxima semana, Putin completa dez anos de poder, envenenando presidentes, sumindo com dissidentes e matando jornalistas.
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