O Brasil apresenta duas facetas completamente opostas ao conduzir sua política externa: de um lado, existe uma diretriz clara, coerente e que luta com inteligência para assumir o papel que lhe cabe no jogo internacional; de outro, muitas vezes o Itamaraty aplica respostas estomacais repletas de ideologia e que não trazem qualquer benefício prático.
Hoje e durante as duas semanas anteriores, foi possível observar dois exemplos desses diferentes “Brasis”. Há pouco, foi divulgada uma notícia que tem tudo para se transformar numa mudança de paradigma e numa das maiores vitórias comerciais brasileiras de todos os tempos.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) determinou que o Brasil poderá aplicar 295 milhões de dólares em sanções anuais aos Estados Unidos, por conta dos subsídios ilegais concedidos pelo governo americano aos produtores de algodão locais.
Pode até parecer muito, mas o governo brasileiro exigia que o valor chegasse a 2,5 bilhões de dólares. Seja como for, este foi o primeiro caso no ramo de agricultura iniciado por um país em desenvolvimento.
Já o lado obscuro e menos inteligente do Itamaraty se manifestou durante todo o imbróglio envolvendo o uso de bases colombianas por militares americanos. O Brasil simplesmente se “esqueceu” do compromisso apaziguador que rege as estratégias de relações internacionais do país.
Mais do que isso, colocou Álvaro Uribe contra a parede durante a reunião da Unasul. Ora, com que direito se pode contestar a decisão soberana e a princípio pacífica de um outro Estado independente?
Pior do que se indispor com os colombianos, é o desgaste para um país cuja maior aspiração internacional é a reforma e o direito a uma vaga num possível novo Conselho de Segurança da ONU. Vale lembrar que Uribe já havia se encontrado com Lula, em Brasília, durante o giro que fez para explicar a logística das operações militares americanas em seu país.
Resta saber qual dos “Brasis” será o porta-voz da política externa daqui pra frente.
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