segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Os próximos meses no Afeganistão

Hamid Karzai foi reeleito presidente do Afeganistão. Mas o que muda agora? Há alguns passos possíveis de serem antecipados através da leitura das ações americanas no país.

Os Estados Unidos estão dispostos a negociar com o Talibã. Pode parecer estranho, mas é isso mesmo. As autoridades responsáveis pela guerra no país sabem que os obstinados terroristas não irão renunciar ao uso da força sem que se proponha um acordo mais amplo.

Obama pretende conversar com os guerrilheiros do grupo, mas, pra isso, precisa estar numa posição de superioridade, segundo seu entendimento sobre a dinâmica do conflito.

Agora, com o presidente Karzai – apoiado por EUA e OTAN – garantido no poder para um segundo mandato, existe a possibilidade de se propor uma conferência envolvendo o apaziguamento não apenas do país, mas de toda a Ásia Central.

Ao menos, este seria o cenário ideal para Obama. A paz no Afeganistão seria forjada com o auxílio de países vizinhos e igualmente importantes para a política externa americana: Rússia, Irã e Paquistão. E é bem provável que a China também seja chamada a opinar.

Mesmo do ponto de vista militar, a busca por uma solução pacífica parece ser a única alternativa para dobrar os talibãs. Segundo a alemã Der Spiegel, o General Stanley McChrystal – o homem-forte americano no Afeganistão – tem pouquíssima tolerância da Casa Branca para produzir resultados satisfatórios: ele tem apenas um ano para alcançar um sucesso inicial e dois anos para virar o jogo.

Assim, o general mudou os métodos de abordagem. Soldados americanos e afegãos devem trabalhar juntos na luta contra o Talibã; e mais, o objetivo é reduzir ao máximo o número de mortes civis.

Por trás de tudo isso, é claro, três das mais importantes diretrizes do que se pode chamar de “Doutrina Obama” de relações internacionais: a redução de custos – a guerra no Afeganistão consome quatro bilhões de dólares mensais dos contribuintes americanos –, vidas de soldados perdidas – já são 800 soldados dos EUA mortos desde 2001 – e o desgaste da imagem dos Estados Unidos no exterior – principalmente entre os muçulmanos.

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