No próximo final de semana, o atual primeiro-ministro, ex-presidente e futuro presidente Vladimir Putin completa dez anos ocupando postos de comando do governo russo. Entre muitas polêmicas e acusações de estar por trás do assassinato de dissidentes, ele é a personificação da liderança linha-dura que se perpetua no poder apesar de muitas e importantes vozes de oposição interna e, principalmente, externas.
Para comemorar a data, nada melhor do que uma nova polêmica. Segundo informação do New York Times, dois submarinos nucleares do país têm patrulhado a costa leste americana nos últimos dias. Como é típico da administração Putin, seu apadrinhado político e atual presidente, Dmitri Medvedev, ligou para o presidente dos Estados Unidos... Para desejar feliz aniversário a Obama. Ele preferiu nem tocar no assunto.
O que causa grande curiosidade é entender como Putin se mantém a frente da estrutura de poder. A revista Stratfor, especializada em análises internacionais, publicou um excelente artigo em que especula sobre o assunto.
Ao contrário de seus antecessores, Putin não tem como origem simplesmente a burocracia ou a política; é um (ex-)agente da KGB, órgão que conseguiu manter o enorme território soviético relativamente estável. E este foi o pulo-do-gato de Putin: ele escolheu (ex-)membros do aparato de segurança da URSS para ocupar os principais postos da alta cúpula do Kremlin.
Mas o atual regime de Moscou é movido por grande paranoia. Segundo as diretrizes, há inúmeros inimigos internos e externos. Além de Ucrânia e Geórgia, ex-repúblicas da URSS e que desafiaram o Kremlin ao se aproximar do ocidente, os demais desafetos são os próprios países ocidentais, o mundo islâmico e a China.
“A Rússia se enxerga também como um país ameaçado internamente: três em cada quatro cidadãos são considerados etnicamente russos, e esses são bem mais velhos que o resto da população. A taxa de natalidade dos ‘não-russos’ é praticamente duas vezes superior”, escreve o analista Peter Zeihan.
É curioso o comunicado divulgado nesta semana por autoridades políticas europeias acerca da beligerância de Moscou em relação à Geórgia. Trata-se de uma análise firme e realista sobre a atual política externa de Putin e Medvedev:
“A Rússia está de volta como um potência revisionista em busca de uma agenda do século 19, mas aplicando métodos e táticas do século 21. Ela nos impede de seguir as nossas próprias experiências históricas. Usa de meios conhecidos e secretos, como boicotes energéticos, subornos e manipulação da mídia de forma a desafiar (os países da) Europa Central e Oriental”. Um resumo dos valores da Administração Putin.
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