sexta-feira, 11 de setembro de 2009

11/9 oito anos depois

Há oito anos, o mundo mudou completamente. Em meio à letargia do pós-guerra fria, os atentados cometidos contra as Torres Gêmeas e o Pentágono sacudiram a humanidade ao recriar um eixo de oposição entre Ocidente e Oriente que se imaginava empoeirado no velho e distante passado dos tempos das cruzadas. Dessa vez, no entanto, a luta não teve a princípio um caráter expansionista, mas ideológico.

Quando se acreditava que o início do novo século anunciava o fim da história, foram os aviões lançados contra dois dos mais importantes símbolos (um econômico e outro militar) da maior potência planetária que lembraram que havia uma dissonância disciplinada e raivosa presente na metade de lá do mundo.

Olhando por este aspecto, o terrorismo sim conseguiu emplacar uma grande vitória. À força e usando métodos absolutamente condenáveis, conseguiu impor seu paradigma. Hoje, boa parte da população ocidental conhece, foi afetada ou ao menos ouviu falar do fundamentalismo islâmico.

Mesmo após duas guerras em seguida ao 11 de Setembro – Iraque e Afeganistão –, ainda está longe a resposta sobre se a principal organização articuladora dos ataques está para ser derrotada. Seu líder nunca foi encontrado. Muito embora editorial de hoje do britânico The Guardian defenda a tese de que o movimento está enfraquecido por conta dos sucessivos abalos à sua infraestrutura (“a habilidade de realizar operações na Europa e nos EUA foi reduzida através de ações de inteligência e medidas como o rastreamento de sua comunicação”), creio que seja quase impossível aferir com dados concretos uma possível decadência da al-Qaeda.

A ideologia de destruição, fundamentalismo e enfrentamento ao Ocidente do grupo terrorista conseguiu se promover ao status de primeiro escalão global. Jarret Brachman, professor de estudos de segurança da Universidade da Dakota do Norte, nos EUA, lança inclusive a bola sobre a sucessão hierárquica de Osama Bin Laden. E de uma forma ainda mais poderosa, uma vez que o “herdeiro” seria um jovem com conhecimentos dos meios de comunicação atuais – foi inclusive webmaster de um site do Talibã (!) –, o líbio Abu Yahya.

Partilho da visão de Brachman para analisar esses oito anos de conflito entre as potências ocidentais – lideradas pelos Estados Unidos – e a al-Qaeda. Acho que resume bem a imprevisibilidade que envolve a questão:

“Se estiver perguntando se os EUA derrotaram a al-Qaeda, é preciso questionar também: de qual al-Qaeda estamos falando? Dos líderes que operam em alguma área tribal de Paquistão e Afeganistão? Da ‘franquia’ que atua no mundo, notadamente em Iraque, Argélia e Iêmen? Ou da ideologia global que se autodenomina como al-Qaeda, mas que não é filiada ao grupo? Ao analisar as possibilidades de vitória, é preciso se perguntar também se vencer significa acabar com a organização ou apenas debilitá-la. Refere-se à destruição de toda a capacidade militar da al-Qaeda ou atenuar sua capacidade de conquistar corações e mentes ao redor do planeta”, escreve em artigo publicado na revista Foreign Policy.

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