sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Irã contra a parede

A grande notícia do dia é a divulgação feita por Barack Obama de que a inteligência americana sabia há anos sobre a existência de uma usina nuclear iraniana secreta. O comunicado foi seguido por um aviso corajoso e conjunto dos líderes de EUA, França e Grã-Bretanha. Os três reafirmaram estar dispostos a aplicar sanções a Teerã de forma a acabar com o jogo de gato e rato, morde e assopra de Mahmoud Ahmadinejad.

Nicolas Sarkozy foi mais além ao estabelecer um limite de dois meses para o Irã começar a cooperar com as demandas internacionais ou então encarar sanções profundas.

Já debati inúmeras vezes o assunto por aqui. No caso da gravidade do programa nuclear da República Islâmica, publiquei exatamente há uma semana denúncia pouco repercutida da Associated Press quanto a um anexo de um documento onde técnicos da IAEA (Agência Internacional de Energia Atômica, em inglês) concluem que o país planeja a obtenção de armamento nuclear.

O fato de hoje não é novo. A novidade é a mudança de postura dos três mais importantes líderes mundiais justamente às vésperas do primeiro encontro entre o Irã e potências ocidentais em 30 anos. A intenção é mesmo causar constrangimento a Ahmadinejad e colocá-lo na delicadíssima situação de estar sem saída.

Afinal, o presidente iraniano chega nu à reunião após a revelação de hoje. E, se desistir do encontro – o que não considero improvável de ocorrer –, ficará claro que não há qualquer alternativa ao ocidente senão aplicar mesmo as sanções.

O ocorrido hoje foi um movimento estratégico coordenado entre Obama, Brown e Sarkozy – e muito possivelmente com o conhecimento prévio de Ângela Merkel e Silvio Berlusconi. O Irã agora está pressionado contra o muro a apenas seis dias de se reunir com seus acusadores. A reunião da próxima quinta-feira ganha contornos ainda mais espetaculares.

Quem acabou passando por inocente foi a Rússia. Segundo agências de notícias locais, a porta-voz do presidente Dmitri Medvedev classificou a informação de “perturbadora”. Fiquem à vontade para acreditar que Moscou foi a última a tomar conhecimento da existência desta usina.

O interessante nessa história toda é o que ainda está por vir. Mas o tom de gravidade com que os três líderes levaram a público a descoberta dos serviços de inteligência americanos talvez sejam a esperança de uma abordagem mais firme das intenções nucleares de Teerã. Por si só, este é um fato positivo.

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