O secretário-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o egípcio Mohamed El Baradei, está de saída do cargo. Em seu lugar, ficará o japonês Yukiya Amano, que assumirá o posto
Como escrevi no texto de ontem, está chegando ao fim o prazo estabelecido por Obama para aguardar uma resposta do Irã. Se não mudar de ideia e decidir manter o que vem dizendo desde o início do mandato, setembro é a data-limite antes de os EUA aplicarem sanções.
Mas o governo iraniano chegou mesmo a anunciar planos de uma contraproposta à exigência ocidental de interrupção do enriquecimento iraniano. Mas isso foi antes de Baradei ir a público anunciar que não haveria provas sobre os objetivos militares envolvendo o programa nuclear de Ahmadinejad e do líder supremo da revolução, o aiatolá Ali Khamenei.
Simplesmente, Baradei conseguiu reverter a disponibilidade de negociar de um dos mais complicados atores internacionais do momento. Ora, por que o Irã haveria de se sentar à mesa se a partir de agora conta com a complacência da principal agência reguladora internacional?
Não consigo acreditar num erro tão infantil. Ou, simplesmente, na falta de visão sobre as consequências de declarações tão sérias. A esperança que resta agora é a Assembleia-geral da ONU, marcada para o próximo dia 16. É lá que os EUA esperam anunciar a retomada das negociações entre israelenses e palestinos, que Kadafi pretende se pronunciar sobre suas reais intenções e quando, mais uma vez, Ahmadinejad deve usar o palanque e a atenção internacional para divulgar seus planos pacíficos de varrer Israel do mapa e de negar o Holocausto.
Aliás, o analista político iraniano Meir Javedanfar explica que as ambições regionais do governo de Teerã podem em parte explicar sua falta de disposição de dialogar com o ocidente:
“(Ali) Khamenei pode temer que um acordo seria responsável por erodir suas esferas de influência no Oriente Médio. O Irã teria de reduzir o apoio a grupos assimétricos como Hamas e Hezbolah, e também a organizações xiitas no Iraque, bem como a grupos de língua persa no Afeganistão. Com a instabilidade crescente em casa, o Irã precisa mais ser influente em Afeganistão, Líbano e Iraque do que manter boas relações com os EUA. Essas influências dão a Teerã ‘pilares’ de poder”, escreve em artigo publicado no site Real Clear World.
2 comentários:
Gostaria que você escrevesse acerca dessa relação do Irã com a Venezuela, o que realmente estaria para acontecer, já que no meu modo de ver o Chávez é um antissemita?
Legal, Alzira. Obrigado pela vista, pelo comentário e também pela ótima sugestão. Vou escrever em breve um texto sobre o assunto.
Um abraço,
Henry
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