
E, talvez, este seja o ponto mais importante da questão. Beijing se comporta de forma um tanto parecida com Moscou. Da mesma maneira que a Rússia critica o Irã, mas provê tecnologia para as instalações nucleares da república islâmica, a China mantém relações comerciais com os norte-coreanos. Pode não ser muito se comparado a outros dados econômicos, mas o comércio com Pyongyang está na casa dos 3 bilhões de dólares anuais. Levando-se em consideração que o regime é extremamente fechado, vale citar que o comércio com a China representa 42% do total do país.
E agora, com essa crise, EUA, Japão e Coreia do Sul querem que a China se posicione. Ao contrário do exigido dos russos, há uma grande pressão para que os chineses adotem algumas medidas consideradas importantes por esses países: a condenação do ataque cometido pelos norte-coreanos ao navio militar sul-coreano em março passado (a posição oficial de Beijing foi apenas de classificar o ataque como um infortúnio) é uma delas. Ou melhor, a mais importante, uma vez que parte significativa da política externa chinesa é a manutenção da ambiguidade com parceiros controversos – os russos fazem isso com mais discrição.
Obama vê este momento como uma oportunidade para questionar a China sobre suas reais intenções internacionais. Seria apenas o início do processo para discutir outras práticas que incomodam bastante os americanos; a pirataria, por exemplo.
A Coreia do Sul, aliada dos EUA, atua de forma fundamental neste jogo de interesses pragmáticos. Sem a menor dúvida, vai colocar sobre a mesa os 200 bilhões de dólares de negócios anuais que mantêm com o país. Para completar, o Japão vai questionar a legitimidade do próprio programa nuclear chinês – apesar de a China ter aderido ao Tratado de Não-Proliferação (TNP), em 1992.
Um comentário:
Ótimo texto, Henry.
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