Se o programa nuclear iraniano enche páginas reais e virtuais - como esta, por sinal - de material há alguns anos, é chegado o momento em que se questiona seriamente a possibilidade de um ataque militar capaz de deter o desenvolvimento de armamento atômico. Pelo menos, é isso o que tem acontecido nos Estados Unidos. Por lá, o estopim foi a reportagem do jornalista Jeffrey Goldberg, da revista Atlantic.
O ideal é que, quem se interessar, leia a matéria. Ela está disponível aqui. Resumidamente, o texto reafirma a disposição israelense de atacar o Irã devido ao prazo cada vez mais exíguo que separa o regime islâmico de suas pretensões nucleares.
"Entrevistei cerca de 40 pessoas responsáveis pela tomada de decisão em Israel e também oficiais árabes e americanos. Em boa parte dessas entrevistas, fiz uma pergunta simples: percentualmente, qual a chance de que Israel ataque o programa nuclear iraniano num futuro próximo? Nem todo mundo respondeu, mas foi possível chegar a um consenso de que há 50% de chances de isso acontecer até o próximo mês de julho", escreve.
Vale deixar claro que se trata de julho do ano que vem, claro. Portanto, um prazo inferior a um ano. Não é preciso nem dizer o tamanho da polêmica que isso causou nos Estados Unidos. Há quem acuse o jornalista de propaganda, há quem o defenda. Após ler o que escreveu, penso que ele tinha o objetivo de responder a uma pergunta que muitos fazem. Ele ouviu fontes e deu voz a elas. Apenas isso. Definitivamente, não se trata de propaganda. Mas os leitores podem ficar à vontade para discordar.
O que acho curioso nisso tudo é a paixão com que o tema é tratado. Fosse a independência do Kosovo, a reivindicação de um Estado nacional checheno ou curdo, as reações seriam bem menos eloquentes.
Outro ponto interessante é perceber que existe uma grande fantasia em torno do tema. Neste momento, os comentários dos atores envolvidos têm sido discretos - mínimos, para ser mais exato. Todo o furacão causado por Goldberg gira em torno somente do fértil terreno da especulação. Este é um aspecto muito interessante e sedutor da política internacional. Aliás, é um dos que mais me atraíram para esta área; a real possibilidade de imaginar cenários a partir de eventos que ainda nem aconteceram.
A reportagem da Atlantic acabou por pautar muitas outras de outros tantos veículos. Israel irá atacar o Irã? Há pelo menos um artigo redigido todos os dias em jornais e revistas internacionais sobre o assunto. Eu mesmo já apresentei minha versão algumas vezes. Aproveitando a oportunidade, acho que o ataque israelense sempre será uma perspectiva no horizonte.
Principalmente por dois motivos: o primeiro, o programa nuclear iraniano causa muita tensão, principalmente pelas posições manifestadas uma centena de vezes pelo presidente Ahmadinejad; e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, precisa desta carta na manga para se manter no governo e, ainda mais claramente, de forma a unir a frágil coalizão que o sustenta no cargo.
No fim das contas, mesmo sem nenhum pronunciamento mais firme dos governos de Israel e EUA, a opinião pública americana se mobilizou em torno da reportagem de Goldberg. Vale a pena ler e tirar as próprias conclusões.
O ideal é que, quem se interessar, leia a matéria. Ela está disponível aqui. Resumidamente, o texto reafirma a disposição israelense de atacar o Irã devido ao prazo cada vez mais exíguo que separa o regime islâmico de suas pretensões nucleares.
"Entrevistei cerca de 40 pessoas responsáveis pela tomada de decisão em Israel e também oficiais árabes e americanos. Em boa parte dessas entrevistas, fiz uma pergunta simples: percentualmente, qual a chance de que Israel ataque o programa nuclear iraniano num futuro próximo? Nem todo mundo respondeu, mas foi possível chegar a um consenso de que há 50% de chances de isso acontecer até o próximo mês de julho", escreve.
Vale deixar claro que se trata de julho do ano que vem, claro. Portanto, um prazo inferior a um ano. Não é preciso nem dizer o tamanho da polêmica que isso causou nos Estados Unidos. Há quem acuse o jornalista de propaganda, há quem o defenda. Após ler o que escreveu, penso que ele tinha o objetivo de responder a uma pergunta que muitos fazem. Ele ouviu fontes e deu voz a elas. Apenas isso. Definitivamente, não se trata de propaganda. Mas os leitores podem ficar à vontade para discordar.
O que acho curioso nisso tudo é a paixão com que o tema é tratado. Fosse a independência do Kosovo, a reivindicação de um Estado nacional checheno ou curdo, as reações seriam bem menos eloquentes.
Outro ponto interessante é perceber que existe uma grande fantasia em torno do tema. Neste momento, os comentários dos atores envolvidos têm sido discretos - mínimos, para ser mais exato. Todo o furacão causado por Goldberg gira em torno somente do fértil terreno da especulação. Este é um aspecto muito interessante e sedutor da política internacional. Aliás, é um dos que mais me atraíram para esta área; a real possibilidade de imaginar cenários a partir de eventos que ainda nem aconteceram.
A reportagem da Atlantic acabou por pautar muitas outras de outros tantos veículos. Israel irá atacar o Irã? Há pelo menos um artigo redigido todos os dias em jornais e revistas internacionais sobre o assunto. Eu mesmo já apresentei minha versão algumas vezes. Aproveitando a oportunidade, acho que o ataque israelense sempre será uma perspectiva no horizonte.
Principalmente por dois motivos: o primeiro, o programa nuclear iraniano causa muita tensão, principalmente pelas posições manifestadas uma centena de vezes pelo presidente Ahmadinejad; e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, precisa desta carta na manga para se manter no governo e, ainda mais claramente, de forma a unir a frágil coalizão que o sustenta no cargo.
No fim das contas, mesmo sem nenhum pronunciamento mais firme dos governos de Israel e EUA, a opinião pública americana se mobilizou em torno da reportagem de Goldberg. Vale a pena ler e tirar as próprias conclusões.
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