Em 7 de outubro de 2001, tropas dos EUA e da OTAN invadiram o Afeganistão. Teoricamente, a missão era simplesmente derrubar o governo Talibã. O objetivo foi alcançado naquele mesmo ano, restando um enorme vazio e muitas dúvidas. Se os aliados deixassem o território, os radicais poderiam retornar, e fatalmente conseguiriam retomar o poder. O esforço de guerra teria sido em vão, e a resposta aos atentados de 11 de Setembro não seria apropriada. Não custa dizer que a captura de Osama Bin Laden parecia apenas questão de tempo.
Por conta de tantas questões, EUA e OTAN se dispersaram em meio à guerra. Encontrar o terrorista que admitiu os ataques às Torres Gêmeas e ao Pentágono se transformou em tarefa ingrata. Definitivamente, no entanto, os talibãs não poderiam voltar ao poder e a al-Qaeda não encontraria mais abrigo seguro no Afeganistão.
As mudanças de circunstância determinaram também um novo olhar sobre o território. Era preciso transformar o vasto “país” num Estado de verdade. Era preciso inventar um governo, instituições, fazer eleições. Como em teoria tudo é possível, o que existe hoje é somente um resultado prático: 2.131 soldados ocidentais morreram, o mesmo aconteceu com incontável número de afegãos. Até agora, foram gastos 350 bilhões de dólares – em meio a tudo isso, a crise econômica assolou os EUA com toda a força, tornando difícil justificar tamanho gasto.
Para completar, era preciso contar com o nada confiável vizinho Paquistão – um aliado americano bastante questionável. Mesmo a pontaria das tropas aliadas tem sido falha, como mostra o bombardeio do último dia 30 de setembro que matou três soldados das forças regulares paquistanesas confundidos com membros do Talibã.
Depois de incidentes com este – e já foram muitos desde 2001 – o cenário está longe do planejado: além de não conseguir derrotar os radicais, a instabilidade no Afeganistão pode contribuir para o pior dos mundos: o caos instalado no Paquistão que daria fim ao governo – podendo, inclusive, tornar realidade a perspectiva de ascensão dos radicais paquistaneses. Ou do próprio Talibã, atualmente instalado, vejam só, em Quetta, no Paquistão. Sendo bastante repetitivo, acho válido mencionar que Islamabad dispõe de capacidade nuclear.
Ao entrar em seu décimo ano, a empreitada no Afeganistão parece contar apenas com uma saída: o estabelecimento de uma solução negociada com os radicais talibãs – o que é altamente contraditório, sob todos os pontos de vista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário