sexta-feira, 15 de abril de 2011

Reunião dos Brics provoca ciumeira internacional

A reunião dos Brics na China repercutiu além da produção de iPads no Brasil. Claro que a discussão quanto a adesão da África do Sul ao grupo virou assunto importante. Fora isso – e mais relevante, entendo desta forma – comentaristas europeus e americanos procuram relativizar a importância da união dos países. De fato, a consolidação do poder econômico da aliança pode representar num futuro breve uma ameaça concreta ao status quo mundial. E não apenas em relação aos indicadores de comércio, mas também na esfera política.

 

Comentei sobre isso na quinta-feira; a união entre economia e política não representa propriamente uma novidade. Os Brics pretendem fazer uso desta nova dinâmica mundial para reivindicar. E não há nada de errado nisso. No entanto, europeus e americanos não está lá muito confortáveis, claro. É interessante perceber os argumentos que, segundo eles, invalidariam a tentativa de alteração da balança de poder: as muitas diferenças entre os países-membros deste bloco. Brasil, Rússia, Índia, China e – agora – África do Sul não têm nada em comum.

 

De fato, são inquestionáveis as particularidades de cada um desses países. Mas, e daí? Onde está escrito que Estados nacionais precisam ser absolutamente uniformes para alcançar objetivos? Ou para minimamente estarem unidos?

 

Achei muito curioso um artigo publicado no Wall Street Journal que determina: “os Brics não são a União Europeia”. Em primeiro lugar, os Brics não têm qualquer ambição de formar, em última instância, um Estado supranacional. A própria UE está longe de representar exemplo de discurso comum. Vale lembrar que para conseguir aprovação do mecanismo de política externa única os países precisaram de seguidos referendos. E eles foram rejeitados diversas vezes. Mesmo assim, até agora não se pode falar, na prática, em política externa europeia. Basta vez o que está acontecendo neste momento na Líbia, onde França e Grã-Bretanha se mostram desapontadas pela completa falta de empenho de outros países da Otan – principalmente, europeus.

 

E a discordância é natural. Não apenas isso, mas a existência de economias e discursos diversos não invalida qualquer formação política. Principalmente porque países são construções artificiais. Organizações que os unem idem.

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