quarta-feira, 29 de abril de 2009

Grã-Bretanha inocenta suspeitos de ataques de 2005

O julgamento de três suspeitos de terem participado dos atentados de 7 de julho de 2005 em Londres terminou. O resultado causou frustração aos parentes dos 52 mortos e 700 feridos nos ataques. O veredicto – dois considerados culpados por conspiração e que devem ser julgados novamente nesta quarta e mais um declarado inocente – trouxe decepção. A maior investigação da história da Grã-Bretanha até hoje deu água.

 

Acima de tudo, o caso deixa à mostra a enorme dificuldade apresentada por países ocidentais que ainda não aprenderam a lidar com esta categoria de crime hediondo. E, mais ainda, revela como tem sido difícil o embate judicial enfrentado quando se deve dar uma resposta concreta ao terrorismo.

 

Estados Unidos, Inglaterra e Espanha – somente falando de países ocidentais recentemente atingidos por ataques terroristas. Israel já é alvo há muito mais tempo – não sabem o que fazer com pilhas de documentos produzidos a partir das longas investigações. Ou melhor, não sabem como e a quem punir.

 

No caso específico da Inglaterra, três homens foram julgados. Todos conheciam os autores dos atentados e passearam com dois deles por Londres em dezembro de 2004. Mas dar uma volta pela cidade com alguém que mais tarde será um homem-bomba não configura crime. Pelo menos não a princípio.

 

As câmeras de segurança da capital inglesa – uma das cidades mais vigiadas de todo o mundo – flagraram o tal passeio. Além da Roda do Milênio (London Eye), eles estiveram no Museu de História Natural e no Aquário de Londres.

 

A questão é que o tour que os acusados qualificam apenas como um passeio inocente é interpretado de outra maneira pelos promotores; estes garantem que os três homens ajudaram os terroristas a pesquisar os melhores alvos para o ataque. No final das contas, um ônibus e estações do metrô foram os locais escolhidos para as bombas.

 

Está claro como água que a teoria da promotoria – que foi derrotada, diga-se de passagem – é a mais correta. Os acusados compartilham declaradamente da ideologia jihadista. Mais ainda, dois deles foram condenados por terem comprovadamente participado de treinamentos militares comandados por terroristas no Paquistão. 

 

A viagem aconteceu justamente em companhia de Mohammad Sidique Khan, um dos homens-bomba responsáveis pelos ataques de 2005. Prova irrefutável de participação no ataque? Para o júri britânico, não.

 

Enquanto o ocidente continuar a dar veredictos como este, os grupos internacionais de promoção da cruzada fundamentalista terrorista terão terreno fértil por muito tempo. E vão continuar a dar risada às custas do sofrimento de inocentes.

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