O mundo do presidente venezuelano Hugo Chávez é bem fácil de ser explicado. De um lado estão os bons – comandados por ele, obviamente. Do outro, os imperialistas. Neste saco de gatos estão Europa, Estados Unidos e Israel. Mas no lado dos maus não figura, por exemplo, Omar al-Bashir, presidente do Sudão condenado por crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).
Sobre ele pesa a responsabilidade pelo massacre de Darfur, que, até agora, matou cerca de 300 mil pessoas e provocou o deslocamento de outras 2,7 milhões.
Mas para Chávez o vilão da humanidade é o presidente de Israel, Shimon Peres. Para Chávez não existe nenhum problema quando o presidente do Irã afirma que Israel deve ser varrido do mapa. Como o presidente venezuelano imagina que esta “varredura” ocorreria?
Na verdade, soa muito coerente que ele não considere a postura do Irã digna de condenação. Afinal, se ele convidou Bashir para um passeio sul-americano, por que se importar com mais um genocídio em massa hipotético? Faz sentido mesmo.
Chávez justificou seu apoio ao presidente sudanês sob o argumento de que a ordem do TPI é “uma aberração jurídica e um desrespeito aos povos do terceiro mundo”. Mas estar diretamente envolvido com a morte de 300 mil pessoas não é um desrespeito, para dizer o mínimo?
Na cúpula realizada entre países sul-americanos e a Liga Árabe, no Catar, ele também defendeu a adoção de uma moeda internacional fundamentada nas grandes reservas de petróleo. Essa me parece mais uma contradição de um líder que se autointitula uma espécie de messias do socialismo.
E esse modelo econômico seria incrível, sem dúvida. A partir do momento em que houvesse discordância política entre o resto do planeta e a Opep, simplesmente o petro – claro, o nome da moeda seria este – deixaria de ser emitido.
Na prática, haveria a ditadura do petróleo, cujos países produtores são monarquias absolutas ou ditaduras em sua maioria. Além é claro do Irã, que defende a destruição de Israel.
Realmente, Chávez propõe a construção de um mundo maravilhoso. Mas, sem dúvida, eu prefiro não estar aqui para testemunhar quando ele se tornar realidade.
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