Ainda sob a euforia do bem sucedido encontro do G20, vale prestar atenção aos resultados de uma das reuniões mais aguardadas em Londres: a do presidente russo, Dmitri Medvedev, com o americano, Barack Obama.
Entre muitos sorrisos aliviados e felizes, ficou acertada uma parceria para negociar um maior controle de armas e o trabalho conjunto envolvendo a guerra do Afeganistão e a ameaça nuclear iraniana.
Olhando apenas as decisões bilaterais, parece até que a Rússia está realmente comprometida com um Irã sem armas nucleares ou com a vitória americana contra os talibãs. Ledo engano.
“O regime russo tem uma ordem de prioridades diferente. A maior parte delas se baseia em metas de curto prazo onde o antiamericanismo ocupa um lugar importante simplesmente porque para Putin e seus associados os interesses do regime são maiores que os nacionais”, escreve Svante E. Cornell, diretor do Instituto da Ásia e do Cáucaso da Universidade John Hopkins.
Para o acadêmico, há alguns sinais claros da ambiguidade de posicionamento de Moscou em relação a esses dois temas específicos.
No caso da Ásia Central, um fato importante foi a intervenção direta do presidente Medvedev para o fechamento da base aérea americana no Quirguistão.
Em relação ao Irã, o posicionamento russo é ainda mais marcante.
Como lembra Cornell, Moscou mantém uma aliança com Teerã há mais de uma década. Além de ter construído o reator de Bushehr, a Rússia usa seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para barrar sanções à República Islâmica e continua a fornecer armamento aos iranianos.
Apesar de Obama ter saído como ingênuo do encontro de Medvedev – como sugeriu o editor da National Review, Rich Lowry –, o presidente americano não é bobo.
Primeiro por ter conseguido o compromisso público de Moscou com dois dos mais importantes objetivos da política externa de Washington. Além disso, ele já usa seu prestígio para influenciar a reunião da OTAN e colocar a guerra do Afeganistão como prioridade da organização.
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