quinta-feira, 9 de abril de 2009

Na Moldávia, revolta é convocada pelo Twitter

Os protestos que tomaram conta da Moldávia nesta terça-feira foram surpreendentes porque mostram um mundo quase em descompasso com a Europa ocidental.

Mais do que isso, alguns dados impressionam.  Pela surrealidade da situação.

A população está em fúria exigindo novas eleições parlamentares após a vitória do Partido Comunista. Diga-se de passagem, a Moldávia foi o primeiro país a eleger um presidente comunista após o fim da União Soviética.

Entretanto, por maiores que sejam as evidências das causas da revolta que pôs até fogo no parlamento, o pesquisador social Dumitru Minzarari é cético e prefere não apontar motivos específicos para a explosão social.

“Foi um evento espontâneo. As pessoas estavam apenas revoltadas. Elas não foram educadas no regime soviético e por isso não são submissas ou têm medo de protestar nas ruas”, disse em entrevista ao The New York Times.

A natureza dos acontecimentos, porém, dá a entender que a juventude do pais está insatisfeita com a falta de oportunidades e a miséria da Moldávia. Como já ocorreu com Ucrânia, Geórgia e República Tcheca, o país é mais um do lado oriental da Europa a sofrer as graves e práticas consequências da crise financeira.

Como também aconteceu na Grécia no final do ano passado, os jovens são a camada da população que demonstra maior insatisfação. Tanto que, numa das demonstrações mais surpreendentes de mobilização deste século, as manifestações na capital Chisinau foram convocadas pelo Twitter, moderníssima ferramenta de comunicação na internet.

Longe de defender teorias conspiratórias, mas não creio em eventos absolutamente desconexos nas relações internacionais do mundo de hoje. Muito menos em países tão próximos.

No caso específico da Moldávia, a situação fica ainda mais flagrante levando-se em consideração toda a história conjunta com a Romênia, hoje membro da União Europeia.

Moldávia e Romênia formaram um único Estado até 1940. A diferença é que, enquanto os romenos procuraram se aliar ao ocidente em suas escolhas políticas – culminando com a adesão à UE em 2007 –, os moldavos mantêm fortes laços com a Rússia.

E hoje, diante desta crise financeira, os jovens olham para o país vizinho – com o qual compartilham semelhanças culturais e históricas – e percebem que a Moldávia se fecha e as oportunidades, mínguam.

Segundo reportagem do NYT, um dos sinais recentes de descontentamento foi a tentativa do governo comunista de impor uma grade curricular nas escolas do país diminuindo a importância da influência romena. Umas das maiores reclamações atuais é quanto as restrições impostas pelas autoridades moldavas à entrada em território romeno.  

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