O Paquistão, um dos principais aliados muçulmanos dos EUA e pilar fundamental da política externa de Obama, está caindo aos poucos diante do Talibã. Hoje o grupo fanático-religioso-terrorista anuncia que as conversações com o governo de Islamabad estão suspensas até segunda ordem. Tudo porque, depois de muito tempo, as autoridades do país decidiram enviar meia dúzia de soldados para tentar conter o avanço dos milicianos.
Pra variar, não deu certo. As perspectivas são desanimadoras. O Talibã está a apenas cem quilômetros da capital paquistanesa. O fato é que a situação saiu de controle. E a culpa deve ser creditada em boa parte ao presidente Zardari, que, em fevereiro último tomou decisão mais "acertada" para acabar com o avanço extremista: assinar um acordo cedendo ao Talibã a integralidade de Malakand, importante província da problemática fronteira noroeste.
A região se transformou num talibastão com direito a punições a mulheres que ousam frequentar escolas e outras atividades consideradas anti-islâmicas pelo grupo.
Ao contrário do que Islamabad pensava, o acordo serviu apenas para impulsionar as ações dos talibãs. Agora, Malakand é base de diversos grupos terroristas que construíram campos de treinamento e usufruem de um paraíso onde as mulheres não têm quaisquer direitos individuais. E a pouco menos de cem quilômetros da capital do país.
Toda esta complicação é fruto de três principais fatores: discurso nacionalista das autoridades; da quinta coluna representada pelos serviços de inteligência aliados ao Talibã; e má-administração da ajuda recebida dos EUA.
A colaboração das ISI (os serviços de inteligência do Paquistão) com o Talibã já foi tema de alguns textos por aqui. Quanto à generosa ajuda americana e à péssima administração dos recursos, vale dizer que os cerca de 12 bilhões de dólares recebidos de Washington nos últimos sete anos foram usados basicamente na compra de equipamentos e treinamentos militares... Contra a Índia!
Enquanto isso, a decisão de ceder parte do seu território para o Talibã foi a pior possível. Mas o que vem acontecendo serve para ilustrar quais as consequências de acordos firmados com grupos que não estão comprometidos com nada além de espalhar terror e fanatismo.
Para completar esta espiral – que pode mudar parte da estratégia de política externa dos EUA – o final de semana foi de péssimas notícias também no Iraque, onde se acreditava que a situação estava menos instável; somente em abril, foram 18 grandes atentados ameaçando o cronograma de retirada das tropas americanas, que poderiam começar a deixar o Iraque a partir de junho.
Como num dominó, se o Paquistão cair, Iraque e Afeganistão também serão tomados pelos grupos terroristas. Como agem coordenadamente, o objetivo agora é promover o caos na região. Para o terrorismo, quanto pior, melhor.
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