segunda-feira, 13 de julho de 2009

Cutucando a Rússia com vara gasosa

Confirmando algumas das previsões da jornalista russa cuja indiferença ao acordo nuclear entre Washington e Moscou foi publicada aqui no site no texto do último dia 8, é sim muito provável que a Rússia trave uma nova guerra na Geórgia. E o motivo seria, dentre outros, o acordo assinado hoje em Ancara para a construção de um novo gasoduto que vai reduzir a dependência europeia ao gás da empresa estatal – e mafiosa – russa Gazprom.


O gasoduto de Nabucco deve ser concluído em 2014 e as expectativas iniciais prevêem que será responsável por 10% do total de consumo de gás europeu. Não custa lembrar como o produto é importante para o aquecimento durante o rigoroso inverno do continente.


O objetivo é, aos poucos, encontrar alternativas ao gás fornecido pela Rússia. Tudo porque Moscou usa a dependência europeia como forma de barganhar por seus interesses políticos. Assim, no início deste ano, Putin e Medvedev decidiram interromper o fornecimento através dos dutos instalados na Ucrânia justamente porque rumores indicavam que a ex-república soviética poderia passar a fazer parte da OTAN, a aliança militar ocidental.


Ao mesmo tempo, para tornar a situação ainda mais indigesta aos russos, a inimiga Geórgia – que esteve em guerra com Moscou em agosto do ano passado – será a responsável por uma das importantes etapas do projeto; o transporte do gás extraído do Azerbaijão para o gasoduto de Nabucco, no leste da Turquia.


Mas a dupla Putin-Medvedev não vai deixar barato a ousadia da Europa e principalmente da Geórgia. A resposta à assinatura do acordo que cria as bases para o gasoduto foi imediata. Medvedev esteva hoje mesmo na Ossétia do Sul, região da Geórgia considerada independente somente pela Rússia, e mandou um recado claro.


“Sou muito grato pelo convite para visitar o novo país. A Ossétia do Sul nasceu num período de eventos dramáticos, mas teve o apoio do povo russo”, disse.


Enquanto isso, o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, estava em Ancara ao lado dos demais líderes europeus.


Que ninguém se engane. As palavras de Medveded e sua inesperada visita à Ossétia do Sul marcam a posição russa. É bem possível que uma guerra ainda maior do que a do ano passado esteja a caminho.

Nenhum comentário: