A administração Obama decidiu se engajar de vez nas questões do Oriente Médio. George Mitchell, enviado especial para a região, esteve reunido com o presidente sírio, Bashar Assad. O secretário de Defesa, Robert Gates, chegou hoje a Israel, o mesmo destino de amanhã do conselheiro nacional na área de segurança, James Jones. Todos têm uma missão em comum: ouvir cada uma das partes. O problema é que, mais uma vez, os lados têm prioridades bem diferentes.
Gates se reuniu com o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak. No centro da conversa, a ameaça de um Irã nuclear. Gates – o mais pró-israelense dos funcionários da área internacional de Obama – garantiu que Israel vai continuar a deter o armamento mais avançado para cuidar de sua defesa.
Em conversa com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, ouviu as queixas sobre a expansão dos assentamentos judeus na Cisjordânia. Segundo relatório divulgado hoje pelo exército israelense, já são 304.569 os colonos judeus no território, um crescimento de 2.3% em relação a janeiro deste ano.
De acordo com o Haaretz, entretanto, Estados Unidos e Israel estão próximos de chegar a um acordo sobre a questão. Washington deverá permitir a finalização de um número limitado de casas em estágio avançado de construção, enquanto os israelenses se comprometem a interromper as demais obras. Mas isso só deve ser anunciado após as autoridades americanas deixarem o Oriente Médio.
Paralelamente a isso, ninguém dá uma só palavra sobre a revogação do direito à cidadania jordaniana de milhares de palestinos. Ou seja, o embate ideológico acaba, como sempre, numa encruzilhada: discutir o que é realmente urgente ou debater o importante? Porque a política local não se depara com qualquer questão supérflua, mas simplesmente de graus de importância distintos.
Cabe às autoridades eleger suas próprias prioridades diante de tantas prioridades das partes: dedicação à costura de um acordo entre Síria e Israel capaz de dar um nó na estratégia hegemônica iraniana; frear a construção de assentamentos judeus na Cisjordânia de forma a manter a viabilidade de um Estado palestino; entrar em choque direto com a parceira Jordânia por conta da arbitrariedade que vem sendo cometida com os palestinos que vivem no país?
A escolha dos Estados Unidos – no final das contas, o único mediador realmente apto a tirar da inércia os atores da região – é marcada pela complexa dúvida entre humanidade e estratégia. Apesar de se autoproclamar o mensageiro da mudança, sou capaz de apostar que Obama vai optar pela estratégia.
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