quinta-feira, 2 de julho de 2009

As distintas oportunidades oferecidas pelo golpe em Honduras

A grande verdade é que este golpe de Estado em Honduras está servindo para expor ansiedades sufocadas de diversos grupos e líderes mundiais. A comoção em torno do tema já foi abordada no texto anterior sobre o assunto. É sim justificada, na medida em que assusta os demais países do continente. Mas, além disso, nunca o dito popular de que “crise é oportunidade” pôde ser aplicado com tamanha propriedade.

Em primeiro lugar, Chávez foi apressado ao tentar transformar o golpe em fator polarizador em sua batalha pessoal e ideológica. É muito claro que um dos pilares da política externa do presidente venezuelano envolve a formação de um eixo internacional onde sul e norte estejam em constante confronto de interesses econômicos, políticos e, novamente, ideológicos. Obama quebrou esta premissa ao se colocar ao lado do presidente deposto.

Além disso, existe a pressão de dentro do território americano exercida pelos cubanos exilados nos Estados Unidos. A tentativa do grupo é comparar a situação em Honduras à Venezuela de Chávez e, em última instância, a Cuba, de Fidel Castro.

Artigo publicado no Miami Herald – o jornal mais importante da Flórida, Estado americano onde se concentra a maior parte dos imigrantes cubanos – mostra bem essa posição.

“Durante semanas, Zelaya – um equivocado esquerdista cujo estilo se assemelha propositalmente a de seu camarada Hugo Chávez – esteve engajado numa campanha ilegal de tomada do poder, tentando reescrever a constituição de Honduras para que ele pudesse concorrer à reeleição em novembro”, diz o texto.

Além disso, a presidente argentina, Cristina Kirchner, também quer aumentar sua popularidade. Ela fez questão de estar na delegação internacional que deve acompanhar o retorno de Zelaya a Honduras. Depois da derrota nas urnas nas eleições de domingo passado e com a taxa de aprovação na casa dos 30%, nada melhor do que se colocar como um ícone da defesa da democracia latino-americana para ficar bem na fita.

Enquanto isso, a volta do presidente hondurenho a Tegucigalpa foi adiada até o final de semana, numa tentativa da Organização dos Estados Americanos de demover o presidente interino Roberto Micheletti de se manter no palácio presidencial.

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