Hillary Clinton fez uma importante declaração nesta quinta-feira. Admitiu, pela primeira vez, que o Irã é uma ameaça aos países vizinhos e aos aliados americanos na região. É claro que a secretária de Estado não disse tudo isso claramente. Se o fizesse, o preço do barril de petróleo teria subido e as bolsas de todo o mundo, caído.
As palavras de Cinton foram: “Se os EUA estenderem um sistema de defesa (ela usou o termo “umbrella”, guarda-chuva) sobre a região e se fizermos mais para apoiar a capacidade militar no Golfo, é pouco provável que o Irã consiga se tornar mais forte ou seguro”.
Ao contrário do que parece num primeiro momento, as palavras não agradaram a ninguém. Nem ao Irã, é claro, nem aos aliados americanos.
O governo israelense ficou ainda mais isolado por constatar que, pela declaração de Clinton, os EUA já trabalham com a possibilidade de um Irã nuclear.
Por isso, Israel trabalha com a empresa privada americana Boeing no desenvolvimento do Arrow II, um novo sistema de defesa antimíssil, uma vez que o iraniano Shihab-3 tem alcance de 2 mil quilômetros, deixando todo o território israelense vulnerável a sua capacidade.
Nem a imprensa do Golfo entendeu a declaração da secretária americana. Teoricamente, esses seriam os Estados beneficiados pelas armas de defesa oferecidas pelos Estados Unidos.
"As palavras só servem para reforçar o radicalismo no Irã. A facção mais extremista do país vai poder argumentar que as ambições nucleares iranianas visam somente a propósitos de defesa”, diz editorial publicado hoje no jornal The National, dos Emirados Árabes Unidos.
É bem possível, entretanto, que o ocorrido mostre uma mudança de estratégia do governo Obama. Depois de oferecer a oportunidade de diálogo ao Irã repetidamente, talvez Washington pretenda relembrar a Ahmadinejad que a opção militar não foi abandonada.
Para refrescar a memória, Obama estabeleceu o próximo mês de setembro como prazo final para uma resposta iraniana antes de aplicar sanções econômicas ao país.
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