segunda-feira, 20 de julho de 2009

A guerra que está sendo perdida

O sequestro do soldado americano Bowe Bergdahl ainda não serviu para colocar em pauta a estratégia americana no Afeganistão. Pouco se fala no assunto. A verdade é que, por maior que seja a inteligência militar e civil empregada pelos Estados Unidos no combate ao Talibã, a aliança ocidental está perdendo a guerra.

Existe quase um consenso equivocado de que os terroristas talibãs são simplesmente um bando de loucos desprovidos de técnica e munidos apenas de ímpeto fundamentalista e vigor religioso. Esta é uma visão que simplifica uma guerra complexa. E, como se sabe, a superficialidade é um refúgio fácil, acessível, mas que no fundo não consegue explicar nada.

Derrotar o Talibã é menos simples do que parecia. Não era rápido, como Bush imaginava quando ordenou a invasão ao Afeganistão, em 2001; nem tampouco é possível converter as mentes dos insurgentes com discursos sobre igualdade e acesso a oportunidades, como muitas vezes Obama dá a entender.

O cenário que se forma no Afeganistão é fatalista. Gilles Dorronsoro, ex-professor de Ciências Políticas em Sorbonne, é especialista em Afeganistão, Turquia e sul da Ásia. Ele elaborou um relatório – que não foi divulgado pela imprensa internacional como deveria – após visitar o Afeganistão em maio deste ano. Algumas conclusões do estudo são assustadoras, como a que aponta, por exemplo, a vitória talibã num período que varia de dois a três anos, caso não haja grandes mudanças na estratégia americana.

Alguns pontos que considero fundamentais do estudo:

“O Talibã construiu um governo paralelo nas áreas controladas pelo grupo. O objetivo é preencher duas necessidades básicas da população: justiça e segurança. Um governo local quase inexistente e a desconfiança dos afegãos na coalizão internacional permitiram que o Talibã expandisse sua influência”.

“Os insurgentes não podem ser derrotados enquanto os talibãs tiverem um ‘paraíso’ no Paquistão. Eles podem conduzir ataques rápidos a partir do refúgio obtido no país, e, ao mesmo tempo, o norte do Afeganistão permanece aberto a infiltrações de terroristas”.

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