
Barack Obama tentava consertar sua fracassada política externa. A montanha-russa internacional conduzida pelo porta-voz da mudança possui mais baixos do que altos. Houve o período seguinte à posse, no começo de 2009, quando fez discursos em Egito e Turquia clamando pela aproximação entre ocidente e o mundo islâmico. Mas muito pouco mudou; o novo governo não conseguiu bom desempenho na condução do processo de paz, por exemplo, e muito menos na tentativa de diálogo com os iranianos. E aí a Casa Branca passou a optar por investir nas pessoas; acreditava que ao apoiar o empreendedorismo no Oriente Médio poderia mudar a imagem americana na região. Não adiantou. Agora, retornou ao modelo anterior, quando se viu ameaçada de perder o controle da situação a partir da emergência de novos atores, como Brasil e Turquia.
O problema, agora, é que o tiro pode ter saído pela culatra. Quando o pacote de sanções virou motivo de piada, ficou claro que o governo dos EUA não sabe bem o que fazer. E aí Brasil e Turquia podem ter marcado posição de forma positiva. Muito embora por motivos distintos, ao se oporem às punições propostas por Washington, os dois países acabam, por consequência, distanciando-se da imagem de ineficácia chancelada pelo Conselho de Segurança. E isso pode contribuir para a retórica brasileira que defende a reforma do CS.
A situação atual, aprovada pelas Nações Unidas, representa grande equívoco – para dizer o mínimo –, sob o ponto de vista daqueles que rejeitam a ideia de um Irã atômico: a comunidade internacional aparenta ter tomado alguma atitude séria para frear as ambições de Ahmadinejad, mas, na prática, as sanções não vão mudar nada. O presidente iraniano ficou muito satisfeito com o resultado da votação desta quarta-feira, não tenham dúvidas. Mas ele certamente vai mudar de opinião ao se dar conta de que a opinião pública internacional não embarcou neste teatro. Até porque, talvez haja alguma pressão para os EUA mudarem de atitude e buscarem sanções que de fato ameacem a estabilidade do governo de Teerã.
É preciso também derrubar outro mito nesta arena de informações desencontradas: a oposição interna iraniana, liderada por Mir Hossein Mousavi, também rejeita sanções e acredita que a continuidade do processo de enriquecimento de urânio é um direito nacional.
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