
Tudo parece confluir para montar este quebra-cabeça. Os Estados Unidos já buscavam se livrar da dependência do petróleo. Este é um fator que amarra o país política e economicamente. Imaginem os benefícios para os americanos que uma redução significativa do poder de barganha da Opep (cartel formado pelos países exportadores de petróleo) poderia trazer? Mas apenas isso não resolveria o problema. Seria preciso encontrar uma nova maneira de liderar este novo mundo. Coincidência ou não, a resposta pode estar no Afeganistão, após o anúncio das descobertas minerais do país.
O maior desastre ambiental do planeta precipitou todo este processo. Agora, a tendência é que os fatos comecem a se suceder num efeito cascata. Não foi à toa que Barack Obama foi a público e fez um apelo nacional.
"Não podemos reservar este futuro a nossas crianças. A tragédia que se revela em nossa costa é a lembrança mais dolorosa e poderosa de que o tempo de abraçar a energia limpa é agora", disse.
Obviamente, o presidente americano não contava com este derramamento de petróleo. Mas a tragédia pode ter servido para articular uma tentativa de reversão de crise que ao mesmo tempo reafirma os ideais de campanha um tanto esquecidos pelos eleitores. Ao adotar o discurso da energia limpa, Obama investe no imaginário poderoso e positivo de mudança, respeito ao meio ambiente e, finalmente, revisão dos paradigmas econômicos - ecologicamente incorretos, diga-se de passagem - sobre os quais o mundo inteiro se baseia.
Mas nem tudo deve ser fácil para os EUA. Se a Casa Branca pretende contar com a parceria afegã, será preciso convencer o presidente Hamid Karzai. E isso pode ser feito a partir da lembrança de que foi Washington quem o manteve no poder, mesmo depois de ficar evidente que as eleições no Afeganistão foram fraudadas.
A atuação de Karzai não deve mudar muito em relação à atual. Como o país não possui tecnologia e dinheiro para desenvolver as minas de extração dos recursos, o governo central deve ratear os direitos exploratórios. E esta é a visão do paraíso para as autoridades do país. Um grande leilão sem limite de valor diante de potências sedentas e dispostas a liberar quantias altíssimas. Vale citar que, somente para a mina de cobre ao sul de Cabul, a China desembolsou nada menos do que 400 mil dólares. E essa quantia deverá ser depositada todos os anos enquanto a exploração persistir.
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