Um ponto interessante nesta ascensão de Irã e Turquia é a percepção de países vizinhos cujas posições não são necessariamente as mesmas das duas postulantes a potências regionais. Michael Young, jornalista do Daily Star, do Líbano, levantou questionamentos que considero válidos sobre este momento de transição do Oriente Médio.
"A agenda política é cada vez mais estabelecida por Estados não-árabes (Turquia e Irã). Os países árabes (...) se mostram incapazes de oferecer desenvolvimento sustentável e educação, deixando-os com pouca capacidade de se dedicar a preocupações regionais importantes", escreve.
Curiosamente, o texto foi publicado com grande destaque no The National, principal jornal dos Emirados Árabes Unidos. O país é de maioria sunita e está muito interessado em frear as ambições iranianas e turcas – a Turquia, de maioria sunita, está aliada momentaneamente ao eixo xiita como forma de marcar posição internacional. Assim que se afirmar como potência, muito possivelmente irá se desvincular da aliança.
Os questionamentos lançados por Michael Young atendem às pretensões estratégicas dos Emirados Árabes Unidos. Por isso, quando o jornalista recorda os países árabes de que Estados não-árabes têm firmado as diretrizes regionais, de certa maneira convoca as demais nações a mudar o foco. Ou seja, relembra um pan-arabismo esquecido nos anos 1970. É claro que os EAU não têm intenção de se firmar como os líderes de um novo movimento do gênero, mas, sem dúvida, estão dispostos a usar quaisquer argumentos capazes de impedir instabilidades além das já conhecidas (a influência iraniana, por exemplo, é ruim para os negócios).
O caso turco também é curioso. Quando Ancara se lança como defensora dos direitos humanitários palestinos, levanta a ira de armênios e curdos, cujas disputas com o Estado turco estão longe de encerradas. É esta a posição de Raffi K. Hovannisian, em coluna publicada no Washington Times. Para ele, o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, e o ministro das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, apresentam-se como representantes de uma desgastada busca por hegemonia.
"Somente desta vez, esses negadores do genocídio (armênio) portam os conceitos de liberdade, direitos humanos e lei internacional de forma a atingir as profundezas de seus objetivos", escreve.
Esta é uma das contrapartidas de se abandonar a inércia em nome da busca por um protagonismo atuante de atitudes polêmicas. Algumas vozes dissonantes começam a se manifestar, lutando para transformar as atuais pedras em vidraças.
"A agenda política é cada vez mais estabelecida por Estados não-árabes (Turquia e Irã). Os países árabes (...) se mostram incapazes de oferecer desenvolvimento sustentável e educação, deixando-os com pouca capacidade de se dedicar a preocupações regionais importantes", escreve.
Curiosamente, o texto foi publicado com grande destaque no The National, principal jornal dos Emirados Árabes Unidos. O país é de maioria sunita e está muito interessado em frear as ambições iranianas e turcas – a Turquia, de maioria sunita, está aliada momentaneamente ao eixo xiita como forma de marcar posição internacional. Assim que se afirmar como potência, muito possivelmente irá se desvincular da aliança.
Os questionamentos lançados por Michael Young atendem às pretensões estratégicas dos Emirados Árabes Unidos. Por isso, quando o jornalista recorda os países árabes de que Estados não-árabes têm firmado as diretrizes regionais, de certa maneira convoca as demais nações a mudar o foco. Ou seja, relembra um pan-arabismo esquecido nos anos 1970. É claro que os EAU não têm intenção de se firmar como os líderes de um novo movimento do gênero, mas, sem dúvida, estão dispostos a usar quaisquer argumentos capazes de impedir instabilidades além das já conhecidas (a influência iraniana, por exemplo, é ruim para os negócios).
O caso turco também é curioso. Quando Ancara se lança como defensora dos direitos humanitários palestinos, levanta a ira de armênios e curdos, cujas disputas com o Estado turco estão longe de encerradas. É esta a posição de Raffi K. Hovannisian, em coluna publicada no Washington Times. Para ele, o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, e o ministro das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, apresentam-se como representantes de uma desgastada busca por hegemonia.
"Somente desta vez, esses negadores do genocídio (armênio) portam os conceitos de liberdade, direitos humanos e lei internacional de forma a atingir as profundezas de seus objetivos", escreve.
Esta é uma das contrapartidas de se abandonar a inércia em nome da busca por um protagonismo atuante de atitudes polêmicas. Algumas vozes dissonantes começam a se manifestar, lutando para transformar as atuais pedras em vidraças.
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