Se o G20 de fato valesse alguma coisa, seria correto dizer que o resultado do encontro poderia ser interpretado como uma derrota política americana. Os líderes reunidos no Canadá concordaram em estabelecer um cronograma para cortar pela metade os déficits governamentais e interromper o crescimento da dívida pública. Na teoria, isso poderia significar que os EUA não conseguiram impor sua posição.
Na prática, no entanto, as resoluções se resumem a meras expectativas acordadas pelos países. Não significa que, se até 2016 – ano final estabelecido para a redução da dívida pública – Washington não cumprir com o documento final alcançado no encontro deste fim de semana, haverá qualquer revisão da postura dos EUA, novo encontro, reprimenda internacional, nada disso.
Fica a mensagem de que, na batalha teórica entre americanos e europeus, os últimos saíram vencedores. A posição de Obama é muito compatível com o discurso apresentado durante sua campanha e até mesmo com os motivos pelos quais foi eleito. Seu governo argumentava que investir na economia poderia ser necessário para reduzir o desemprego. Já a Europa – liderada pela chanceler alemã, Angela Merkel – tem posição diferente: defende a aplicação de restrições e pacotes de austeridade. As medidas serviriam para dar um tempo na crise pela qual o continente atravessa e retomar a confiança nos mercados internos. Muito embora as expectativas do presidente americano também tenham sido mencionadas no texto final do G20, ficou claro que isso só aconteceu para não desagradar totalmente a Casa Branca.
De qualquer maneira, todo o empenho financeiro e logístico canadense para a realização dos fóruns (G8 e G20) valeu muito pouco. Simplesmente porque ninguém tem coragem de debater o que de fato é realmente importante: leis capazes de regular o grande mercado internacional – os jogadores invisíveis que buscam lucro a qualquer custo e trocam o destino de seus grandes aportes financeiros virtuais de tempos em tempos. Esses continuam a operar livremente, e o estabelecimento de regulamentação interna não impedirá suas ações.
E a pergunta que decorre desta afirmação é simples: por que os países emergentes não questionam este sistema? Porque, por ora, eles apresentam crescimento econômico e não se importam com a manutenção deste status quo. A posição do portal Daily Beast é categórica e explica como isso acontece na prática.
"Países que se seguraram (no fornecimento) do básico – agricultura, material cru e bens primários – representam atualmente as economias que mais crescem (Brasil, Turquia, Índia, Coreia do Sul) e as mais estáveis (Canadá, Austrália). Como resultado, a edição deste G20 testemunha algo novo: uma sutil, mas inequívoca mudança de poder na qual as nações que criam coisas, minam coisas e fazem coisas podem se afirmar de maneira singular".
Concordo com isso. Mas tenho certeza de que este é um momento único na história. Quando os mercados desenvolvidos se recuperarem plenamente – isso vai acontecer alguma hora –, os emergentes podem ficar para trás e possivelmente irão se lamentar por não terem exigido a revisão dos mecanismos do jogo de poder econômico internacional. E aí talvez seja tarde demais.
Na prática, no entanto, as resoluções se resumem a meras expectativas acordadas pelos países. Não significa que, se até 2016 – ano final estabelecido para a redução da dívida pública – Washington não cumprir com o documento final alcançado no encontro deste fim de semana, haverá qualquer revisão da postura dos EUA, novo encontro, reprimenda internacional, nada disso.
Fica a mensagem de que, na batalha teórica entre americanos e europeus, os últimos saíram vencedores. A posição de Obama é muito compatível com o discurso apresentado durante sua campanha e até mesmo com os motivos pelos quais foi eleito. Seu governo argumentava que investir na economia poderia ser necessário para reduzir o desemprego. Já a Europa – liderada pela chanceler alemã, Angela Merkel – tem posição diferente: defende a aplicação de restrições e pacotes de austeridade. As medidas serviriam para dar um tempo na crise pela qual o continente atravessa e retomar a confiança nos mercados internos. Muito embora as expectativas do presidente americano também tenham sido mencionadas no texto final do G20, ficou claro que isso só aconteceu para não desagradar totalmente a Casa Branca.
De qualquer maneira, todo o empenho financeiro e logístico canadense para a realização dos fóruns (G8 e G20) valeu muito pouco. Simplesmente porque ninguém tem coragem de debater o que de fato é realmente importante: leis capazes de regular o grande mercado internacional – os jogadores invisíveis que buscam lucro a qualquer custo e trocam o destino de seus grandes aportes financeiros virtuais de tempos em tempos. Esses continuam a operar livremente, e o estabelecimento de regulamentação interna não impedirá suas ações.
E a pergunta que decorre desta afirmação é simples: por que os países emergentes não questionam este sistema? Porque, por ora, eles apresentam crescimento econômico e não se importam com a manutenção deste status quo. A posição do portal Daily Beast é categórica e explica como isso acontece na prática.
"Países que se seguraram (no fornecimento) do básico – agricultura, material cru e bens primários – representam atualmente as economias que mais crescem (Brasil, Turquia, Índia, Coreia do Sul) e as mais estáveis (Canadá, Austrália). Como resultado, a edição deste G20 testemunha algo novo: uma sutil, mas inequívoca mudança de poder na qual as nações que criam coisas, minam coisas e fazem coisas podem se afirmar de maneira singular".
Concordo com isso. Mas tenho certeza de que este é um momento único na história. Quando os mercados desenvolvidos se recuperarem plenamente – isso vai acontecer alguma hora –, os emergentes podem ficar para trás e possivelmente irão se lamentar por não terem exigido a revisão dos mecanismos do jogo de poder econômico internacional. E aí talvez seja tarde demais.
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