A disputa que já dura oito anos entre Colômbia e Venezuela é retrógrada. Por alguns aspectos: primeiro, reacende o tipo de falácia ideológica de um mundo que já passou, onde países, ideias, partidos e pessoas eram divididos simplesmente entre comunistas e capitalistas, esquerda e direita. Muito embora ainda se possa mencionar certas afinidades conceituais com este ou aquele projeto, o século 21 tem ensinado - a duras penas, por sinal - que as complexidades são muito maiores.
É possível ser uma economia de mercado sem esquecer necessidades humanas e sociais. Acho que o Brasil é um bom exemplo disso. É possível também manter relacionamentos políticos com as potências mundiais sem necessariamente abrir mão dos próprios interesses. Acho que o Brasil pode ser considerado ótimo paradigma neste caso.
Mas Colômbia e Venezuela estão estacionadas neste passado não muito distante. O governo de Álvaro Uribe cedeu bases militares para os americanos em troca do auxílio para combater as guerrilhas armadas que se mantêm através do tráfico de drogas. Chávez, como se sabe, jamais aceitou a decisão do país vizinho. Sua visão de política internacional é baseada, em boa parte, nos frequentes insultos ao governo de Washington e à aliança com Estados que tradicionalmente se opõem aos EUA, como Irã e Rússia.
Enquanto isso, ambos os países sul-americanos apresentam números absolutamente insatisfatórios: por mais que Uribe deixa a presidência com uma taxa de aprovação popular na casa dos 70%, a Colômbia tem o índice de desemprego mais alto da América Latina (cerca de 12%). De acordo com último relatório da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e Caribe, o crescimento do país deve ser um dos piores entre os vizinhos: 3,7%.
A situação da Venezuela tampouco é animadora: estimativas dão conta de que a economia do país não vai crescer neste ano. Pelo contrário; existe a possibilidade real de retração. Ou seja, é previsto encolhimento de algo em torno de 3% a 4%. Para piorar, atualmente, o governo de Caracas luta para combater a segunda pior taxa de inflação do mundo (cerca de 30%. Fica atrás somente do Zimbábue).
Quando Chávez decretou boicote ao comércio com os vizinhos colombianos, em agosto do ano passado - por conta da decisão de Uribe de permitir que os EUA tivessem acesso às bases militares -, a Venezuela acabou se tornando a mais prejudicada. Reduziu o comércio bilateral de 7 bilhões de dólares para apenas 2 bilhões de dólares. Para complicar ainda mais a situação, Caracas se viu obrigada a ter de pagar mais e importar produtos de países que vendem mais caro, como o Brasil, por exemplo. A Colômbia, bem ou mal, conseguiu se virar e encontrar compradores em Equador, Chile e até na China.
No final das contas, os discursos ideológicos e o embate entre os dois governos sul-americanos são igualmente prejudiciais. Parece que o último ato de Uribe como presidente não passou de um adeus polêmico de um líder tão personalista quanto seu opositor na Venezuela. Resta saber como Juan Manuel Santos, ex-ministro da Defesa do próprio Uribe, vai se comportar diante da troca de ofensas e do histórico recente de um péssimo relacionamento com Chávez. Se for inteligente, vai tentar resolver os impasses sem muita eloquência. Para o bem dos dois países.
É possível ser uma economia de mercado sem esquecer necessidades humanas e sociais. Acho que o Brasil é um bom exemplo disso. É possível também manter relacionamentos políticos com as potências mundiais sem necessariamente abrir mão dos próprios interesses. Acho que o Brasil pode ser considerado ótimo paradigma neste caso.
Mas Colômbia e Venezuela estão estacionadas neste passado não muito distante. O governo de Álvaro Uribe cedeu bases militares para os americanos em troca do auxílio para combater as guerrilhas armadas que se mantêm através do tráfico de drogas. Chávez, como se sabe, jamais aceitou a decisão do país vizinho. Sua visão de política internacional é baseada, em boa parte, nos frequentes insultos ao governo de Washington e à aliança com Estados que tradicionalmente se opõem aos EUA, como Irã e Rússia.
Enquanto isso, ambos os países sul-americanos apresentam números absolutamente insatisfatórios: por mais que Uribe deixa a presidência com uma taxa de aprovação popular na casa dos 70%, a Colômbia tem o índice de desemprego mais alto da América Latina (cerca de 12%). De acordo com último relatório da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e Caribe, o crescimento do país deve ser um dos piores entre os vizinhos: 3,7%.
A situação da Venezuela tampouco é animadora: estimativas dão conta de que a economia do país não vai crescer neste ano. Pelo contrário; existe a possibilidade real de retração. Ou seja, é previsto encolhimento de algo em torno de 3% a 4%. Para piorar, atualmente, o governo de Caracas luta para combater a segunda pior taxa de inflação do mundo (cerca de 30%. Fica atrás somente do Zimbábue).
Quando Chávez decretou boicote ao comércio com os vizinhos colombianos, em agosto do ano passado - por conta da decisão de Uribe de permitir que os EUA tivessem acesso às bases militares -, a Venezuela acabou se tornando a mais prejudicada. Reduziu o comércio bilateral de 7 bilhões de dólares para apenas 2 bilhões de dólares. Para complicar ainda mais a situação, Caracas se viu obrigada a ter de pagar mais e importar produtos de países que vendem mais caro, como o Brasil, por exemplo. A Colômbia, bem ou mal, conseguiu se virar e encontrar compradores em Equador, Chile e até na China.
No final das contas, os discursos ideológicos e o embate entre os dois governos sul-americanos são igualmente prejudiciais. Parece que o último ato de Uribe como presidente não passou de um adeus polêmico de um líder tão personalista quanto seu opositor na Venezuela. Resta saber como Juan Manuel Santos, ex-ministro da Defesa do próprio Uribe, vai se comportar diante da troca de ofensas e do histórico recente de um péssimo relacionamento com Chávez. Se for inteligente, vai tentar resolver os impasses sem muita eloquência. Para o bem dos dois países.
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