Se hoje a Somália é um espaço anárquico - sem nenhum romantismo no termo -, o caos atual se deve às frequentes intervenções externas. Por conta delas, o país é um apanhado de distintos grupos em luta interna e, como se pode ver pelos últimos acontecimentos, cada vez mais dispostos a internacionalizar bandeiras. O governo de Uganda anunciou ter frustrado um quarto atentado. O colete-bomba foi encontrado numa casa noturna da capital Kampala. Mas o al-Shabab conseguiu o que queria: instalou a sensação de insegurança absoluta entre os ugandenses.
Quanto ao estado de lamúria em que se encontra a Somália, ponto de origem do grupo terrorista, vale lembrar alguns fatos importantes: antes do fim da União Sovética, em 1991, o país também era alvo de disputa na Guerra Fria. O ditador Mohamed Siad Barre, que governava a Somália, foi derrubado por milícias de oposição. Como a situação não encontrou ajuste imediato, os conflitos que sucederam o fim do regime causaram a morte de 20 mil pessoas. E aí foi a vez de a ONU agir.
A ajuda humanitária enviada também se tornou foco de violência. Os grupos armados se apropriavam dos alimentos e os usavam como moeda de troca para obter mais armamento. Foi então que uma intervenção liderada pelos Estados Unidos tentou controlar a situação. Incrivelmente, as forças americanas se retiraram após encontrar grande resistência por parte do bando de Siad Barre, o ditador deposto. O episódio, inclusive, foi retratado no filme Falcão Negro em Perigo (cuja imagem do cartaz está reproduzida ao lado do primeiro parágrafo), do diretor Ridley Scott.
Já no início dos anos 2000, o ex-presidente americano George W. Bush investiu pesado para apoiar financeiramente grupos supostamente dispostos a combater a atuação da al-Qaeda no país. Os militantes receberam o dinheiro com muito gosto, mas passaram a lutar entre si pelo poder. Simplesmente, ignoraram os motivos que levaram à equivocada decisão de Washington de armá-los.
Não acredito realmente que a Casa Branca irá incorrer nesses mesmos erros. Os EUA já têm conflitos internacionais demais para administrar. Penso, no entanto, que Obama irá manter a atual política para a região. O presidente americano conta com a ajuda de importantes aliados que já ocupam a Somália, casos de Uganda e Etiópia. Não por acaso, como mencionei no texto de ontem, um restaurante etíope da capital ugandense foi o principal alvo dos ataques terroristas.
O episódio é injustificável. Mas sua realização não tem nada a ver com nenhuma das explicações apresentadas até agora. Não se tratou de um gesto de repúdio ao modo de vida ocidental, nem tampouco de uma luta em defesa do islã - como mencionou um dos líderes do al-Shabab.
Quanto ao estado de lamúria em que se encontra a Somália, ponto de origem do grupo terrorista, vale lembrar alguns fatos importantes: antes do fim da União Sovética, em 1991, o país também era alvo de disputa na Guerra Fria. O ditador Mohamed Siad Barre, que governava a Somália, foi derrubado por milícias de oposição. Como a situação não encontrou ajuste imediato, os conflitos que sucederam o fim do regime causaram a morte de 20 mil pessoas. E aí foi a vez de a ONU agir.
A ajuda humanitária enviada também se tornou foco de violência. Os grupos armados se apropriavam dos alimentos e os usavam como moeda de troca para obter mais armamento. Foi então que uma intervenção liderada pelos Estados Unidos tentou controlar a situação. Incrivelmente, as forças americanas se retiraram após encontrar grande resistência por parte do bando de Siad Barre, o ditador deposto. O episódio, inclusive, foi retratado no filme Falcão Negro em Perigo (cuja imagem do cartaz está reproduzida ao lado do primeiro parágrafo), do diretor Ridley Scott.
Já no início dos anos 2000, o ex-presidente americano George W. Bush investiu pesado para apoiar financeiramente grupos supostamente dispostos a combater a atuação da al-Qaeda no país. Os militantes receberam o dinheiro com muito gosto, mas passaram a lutar entre si pelo poder. Simplesmente, ignoraram os motivos que levaram à equivocada decisão de Washington de armá-los.
Não acredito realmente que a Casa Branca irá incorrer nesses mesmos erros. Os EUA já têm conflitos internacionais demais para administrar. Penso, no entanto, que Obama irá manter a atual política para a região. O presidente americano conta com a ajuda de importantes aliados que já ocupam a Somália, casos de Uganda e Etiópia. Não por acaso, como mencionei no texto de ontem, um restaurante etíope da capital ugandense foi o principal alvo dos ataques terroristas.
O episódio é injustificável. Mas sua realização não tem nada a ver com nenhuma das explicações apresentadas até agora. Não se tratou de um gesto de repúdio ao modo de vida ocidental, nem tampouco de uma luta em defesa do islã - como mencionou um dos líderes do al-Shabab.
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