Parece estar próximo do fim o episódio envolvendo a descoberta de 11 espiões a serviço da Rússia nos Estados Unidos. Muito embora a história tenha servido para mexer ainda mais com a imaginação dos roteiristas cinematográficos, prefiro optar por outro caminho. Acredito que a missão por tempo indeterminado dos agentes valeu a pena, sob o ponto de vista de Moscou.
O caso do espião Donald Howard Heathfield é um exemplo interessante, como lembra Daniel McGroarty, ex-funcionário da Casa Branca e do Departamento de Estado. O FBI descobriu que ele havia mantido contato com um importante cientista americano que trabalha no desenvolvimento de munições capazes de destruir grandes bunkeres. O projeto é destinado a burlar proteções muito sólidas, como as que asseguram a existência de instalações nucleares secretas. Precisa dizer mais?
Apesar de o próprio FBI ter afirmado que os investigadores enviados pelo serviço secreto russo conseguiram descobrir pouca coisa relevante, acredito que algo está mal explicado. Um ponto interessante que me deixou intrigado foi a resolução jurídica do caso. Os dez acusados – um já havia conseguido deixar o território americano – assumiram a culpa. Entretanto, eles não foram processados por espionagem, mas por atuarem como agentes internacionais sem registro formal.
Ou seja, houve um abrandamento da pena, uma vez que, na prática, EUA e Rússia concordaram em dar sequência a uma troca de prisioneiros. Os dez acusados serão enviados para a Rússia. Entre outras medidas, Moscou libertará quatro agentes presos no país indiciados por manter contato com agências de inteligência ocidentais. E aí surge uma hipótese interessante: mesmo que o FBI não considere esses agentes russos importantes, a rapidez com que o governo americano resolveu o impasse com o Kremlin pode sugerir que os quatro acusados de espionagem presos na Rússia sejam minimamente relevantes – ou tenham conseguido descobrir algo de importante – para Washington e seus aliados.
Acho que este caso ainda pode ter desdobramentos curiosos. Até porque será preciso descobrir o destino dos libertados de ambas as partes. Já se sabe, por exemplo, que um dos agentes russos deve receber uma pensão vitalícia por parte do governo de Moscou. Aparentemente, no entanto, parece que a situação ainda não pôs em risco a retomada de relações positivas entre Obama e Medvedev-Putin. Mas tudo vai depender da proporção que isso vai tomar.
Sobre o interesse mútuo de espionagem, gosto da visão de Peter Earnest, diretor e fundador do Museu de Espionagem Internacional e funcionário da CIA por 35 anos:
"É seguro afirmar que desde o fim da Segunda Guerra Mundial nunca houve um dia em que a União Soviética e a Rússia não espionaram os EUA e vice-versa. Os dois países estiveram em conflito (retórico) sobre o Irã até bem pouco tempo. Após o 11 de Setembro, a Rússia permitiu com relutância que os EUA operassem bases na Ásia Central, região que Moscou vê como seu quintal. Os dois países pertencem a G8 e G20 –arenas não somente de cooperação, mas também de disputa", escreve.
O caso do espião Donald Howard Heathfield é um exemplo interessante, como lembra Daniel McGroarty, ex-funcionário da Casa Branca e do Departamento de Estado. O FBI descobriu que ele havia mantido contato com um importante cientista americano que trabalha no desenvolvimento de munições capazes de destruir grandes bunkeres. O projeto é destinado a burlar proteções muito sólidas, como as que asseguram a existência de instalações nucleares secretas. Precisa dizer mais?
Apesar de o próprio FBI ter afirmado que os investigadores enviados pelo serviço secreto russo conseguiram descobrir pouca coisa relevante, acredito que algo está mal explicado. Um ponto interessante que me deixou intrigado foi a resolução jurídica do caso. Os dez acusados – um já havia conseguido deixar o território americano – assumiram a culpa. Entretanto, eles não foram processados por espionagem, mas por atuarem como agentes internacionais sem registro formal.
Ou seja, houve um abrandamento da pena, uma vez que, na prática, EUA e Rússia concordaram em dar sequência a uma troca de prisioneiros. Os dez acusados serão enviados para a Rússia. Entre outras medidas, Moscou libertará quatro agentes presos no país indiciados por manter contato com agências de inteligência ocidentais. E aí surge uma hipótese interessante: mesmo que o FBI não considere esses agentes russos importantes, a rapidez com que o governo americano resolveu o impasse com o Kremlin pode sugerir que os quatro acusados de espionagem presos na Rússia sejam minimamente relevantes – ou tenham conseguido descobrir algo de importante – para Washington e seus aliados.
Acho que este caso ainda pode ter desdobramentos curiosos. Até porque será preciso descobrir o destino dos libertados de ambas as partes. Já se sabe, por exemplo, que um dos agentes russos deve receber uma pensão vitalícia por parte do governo de Moscou. Aparentemente, no entanto, parece que a situação ainda não pôs em risco a retomada de relações positivas entre Obama e Medvedev-Putin. Mas tudo vai depender da proporção que isso vai tomar.
Sobre o interesse mútuo de espionagem, gosto da visão de Peter Earnest, diretor e fundador do Museu de Espionagem Internacional e funcionário da CIA por 35 anos:
"É seguro afirmar que desde o fim da Segunda Guerra Mundial nunca houve um dia em que a União Soviética e a Rússia não espionaram os EUA e vice-versa. Os dois países estiveram em conflito (retórico) sobre o Irã até bem pouco tempo. Após o 11 de Setembro, a Rússia permitiu com relutância que os EUA operassem bases na Ásia Central, região que Moscou vê como seu quintal. Os dois países pertencem a G8 e G20 –arenas não somente de cooperação, mas também de disputa", escreve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário