O primeiro-ministro britânico, David Cameron, realiza seu primeiro giro internacional. Já esteve nos EUA, na última semana, e, nesta terça-feira, encontrou-se com a cúpula governamental turca, em Ancara. Hoje, está na Índia. Mas foram seus comentários na Turquia que mais chamaram atenção até o momento. Ao criticar Israel e classificar Gaza como um campo de prisioneiros, tentou se colocar como um aliado confiável do premier Recep Tayyip Erdogan. Mais ainda, pretende se diferenciar de seus colegas europeus, muitos deles contrários a uma aproximação com a potência islâmica vizinha.
Basicamente, a União Europeia tem brincado de avançar e, logo em seguida, recuar com as negociações que permitiriam a entrada da Turquia no bloco. É isso o que vem acontecendo desde 2005. Nada garante que haverá algum momento em que, de fato, as portas da UE finalmente se abrirão para Ancara. Os maiores opositores são França, Áustria e Alemanha.
Mas a Grã-Bretanha não quer ser identificada como um dos inimigos do país. E os motivos para tal decisão são bem conhecidos. Em primeiro lugar, da mesma forma que Washington (e por isso não acredito ser mera coincidência as palavras de apoio de Cameron ao turcos uma semana após o encontro com Barack Obama), Londres acredita que é melhor manter a Turquia por perto. Mais ainda, é muito mais importante aproximá-la do Ocidente do que jogar todo o seu potencial no colo de Síria e Irã. A Turquia também seria um aliado importante nas negociações sobre o programa nuclear iraniano, claro.
Curiosamente, no entanto, a situação de hoje é um tanto diferente do cenário de cinco anos atrás, quando, novamente, começaram os diálogos sobre a entrada do país na UE. Não tenho dúvidas de que, atualmente, os ventos sopram muito mais favoráveis a turcos do que europeus. Sua grande população de quase 78 milhões de pessoas e a complexa economia de mercado (muito embora em contração) representam uma possibilidade real de ganhos positivos num futuro breve. Não é esta a realidade da UE, como se sabe.
Ancara percebeu que sua independência política pode render ainda muitos frutos. Por conta disso também passou a se voltar para as possibilidades oferecidas no Oriente. Se não desistiu do projeto de adesão à UE, deixou de insistir. Erdogan saber que a realidade mudou para melhor, do ponto de vista turco. A Turquia atua conscientemente tendo em vista que pode ser o fiel da balança para ruptura ou reconciliação de um mundo dividido. Daí as palavras de apoio por parte de David Cameron. Seriam as mesmas de Obama, não tenham dúvidas.
"A Turquia guardou o flanco europeu diante dos bolcheviques durante três gerações. E pode um dia ser chamada a fazer o mesmo contra os jihadistas", escreve Daniel Hannan, membro do Parlamento Europeu, no britânico Telegraph.
Por tudo isso, alguns dos principais líderes mundiais passaram a procurar Erdogan para bajulá-lo. Ao que parece, esta vai ser a diretriz adotada também por David Cameron, que acaba de iniciar seu governo. Resta saber como a Turquia vai se comportar diante de potências com interesses opostos à espera de seu posicionamento. De um lado, Inglaterra e EUA; do outro, Irã e Síria. As decisões de Ancara podem mudar ainda mais o cenário internacional.
Basicamente, a União Europeia tem brincado de avançar e, logo em seguida, recuar com as negociações que permitiriam a entrada da Turquia no bloco. É isso o que vem acontecendo desde 2005. Nada garante que haverá algum momento em que, de fato, as portas da UE finalmente se abrirão para Ancara. Os maiores opositores são França, Áustria e Alemanha.
Mas a Grã-Bretanha não quer ser identificada como um dos inimigos do país. E os motivos para tal decisão são bem conhecidos. Em primeiro lugar, da mesma forma que Washington (e por isso não acredito ser mera coincidência as palavras de apoio de Cameron ao turcos uma semana após o encontro com Barack Obama), Londres acredita que é melhor manter a Turquia por perto. Mais ainda, é muito mais importante aproximá-la do Ocidente do que jogar todo o seu potencial no colo de Síria e Irã. A Turquia também seria um aliado importante nas negociações sobre o programa nuclear iraniano, claro.
Curiosamente, no entanto, a situação de hoje é um tanto diferente do cenário de cinco anos atrás, quando, novamente, começaram os diálogos sobre a entrada do país na UE. Não tenho dúvidas de que, atualmente, os ventos sopram muito mais favoráveis a turcos do que europeus. Sua grande população de quase 78 milhões de pessoas e a complexa economia de mercado (muito embora em contração) representam uma possibilidade real de ganhos positivos num futuro breve. Não é esta a realidade da UE, como se sabe.
Ancara percebeu que sua independência política pode render ainda muitos frutos. Por conta disso também passou a se voltar para as possibilidades oferecidas no Oriente. Se não desistiu do projeto de adesão à UE, deixou de insistir. Erdogan saber que a realidade mudou para melhor, do ponto de vista turco. A Turquia atua conscientemente tendo em vista que pode ser o fiel da balança para ruptura ou reconciliação de um mundo dividido. Daí as palavras de apoio por parte de David Cameron. Seriam as mesmas de Obama, não tenham dúvidas.
"A Turquia guardou o flanco europeu diante dos bolcheviques durante três gerações. E pode um dia ser chamada a fazer o mesmo contra os jihadistas", escreve Daniel Hannan, membro do Parlamento Europeu, no britânico Telegraph.
Por tudo isso, alguns dos principais líderes mundiais passaram a procurar Erdogan para bajulá-lo. Ao que parece, esta vai ser a diretriz adotada também por David Cameron, que acaba de iniciar seu governo. Resta saber como a Turquia vai se comportar diante de potências com interesses opostos à espera de seu posicionamento. De um lado, Inglaterra e EUA; do outro, Irã e Síria. As decisões de Ancara podem mudar ainda mais o cenário internacional.
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