Num gesto sem precedentes nos conflitos do Oriente Médio, a Autoridade Palestina publicou nesta quinta-feira um anúncio de página inteira em quatro dos principais jornais israelenses. O texto, escrito em hebraico, busca promover o plano de paz da Liga Árabe apresentado a Israel em 2002.
"Cinqüenta e sete países árabes e muçulmanos irão estabelecer relações diplomáticas com Israel em troca de um acordo de paz completo e do fim da ocupação (dos territórios conquistados pelo Estado Judeu, em 1967)", diz o texto.
É uma jogada de mestre da AP, que busca assim conquistar a maior parte da opinião pública do Estado Judeu -bastante favorável a fim dos conflitos com os palestinos.
Mas, como tudo na região, a situação é bem mais complexa do que parece. Apesar de contar com o apoio de figuras importantes da política mundial, o plano ainda precisa de muitos ajustes. Ele, por exemplo, reivindica o retorno dos refugiados palestinos para o interior do Estado de Israel, não para as fronteiras do futuro Estado Palestino.
O maior empecilho a esta demanda é inerente à própria existência de Israel. A acomodação de 700 mil palestinos hoje dentro de Israel não é simplesmente uma complicação logística, mas, principalmente, inviabiliza o país em sua proposta mais fundamental: ser um Estado Judeu.
Esta nova população alteraria o eqüilíbrio demográfico de Israel e, em alguns anos, a maioria da população do país - devido ao histórico da taxa de natalidade entre a população muçulmana - não seria judia.
Na prática - mais do que questões consideradas fundamentais como o status de Jerusalém ou a devolução das das Colinas de Golan à Síria -, o destino dos refugiados palestinos é o fator que mais complica a assinatura de um acordo de paz.
Israel não pretende deixar de ser um Estado de maioria populacional judaica e, como alternativa, propõe uma compensação financeira a cada família que deixou a região nas Guerras de 1948 e 67. Além disso, argumenta que, da mesma forma que após sua independência recebeu 1 milhão de judeus expulsos dos países árabes e integrou-os à sociedade, os palestinos deveriam fazer o mesmo com aqueles que decidirem retornar para o futuro Estado Palestino.
Sobre a iniciativa da publicação do anúncio, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense, Yigal Palmor, lembrou o controle exercido pela Autoridade Palestina sobre os veículos de imprensa. "Este é um gesto que nunca terá recíproca. Você pode imaginar palestinos permitindo que o governo israelense faça o mesmo?", disse.
Clique aqui para conhecer mais detalhes sobre o plano de paz apresentado pela Liga Árabe em 2002. O link oferece também análises sobre a iniciativa.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
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