quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Ninguém consegue explicar os ataques na Índia

Existe no momento uma grande confusão sobre a maneira correta de interpretar os atentados na Índia. O grupo Deccan Mujahideen é desconhecido internacionalmente, os métodos usados pelos terroristas são diferentes e mais próximos de um ataque de guerrilha, e os alvos preferenciais parecem ter sido britânicos, americanos e judeus, muito embora a maioria dos mortos até o momento seja de outras nacionalidades, além de indianos atingidos durante a troca de tiros. 

Este já é o maior atentado terrorista desde o 11 de Setembro. Porém, essa variada gama de elementos ainda não é suficiente para estabelecer qualquer conclusão sobre os reais autores das ações coordenadas ou mesmo sua motivação ideológica.

Há uma enorme divergência entre os analistas internacionais. Se por um lado a preferência pelo seqüestro de ocidentais e a complexidade dos ataques podem ser interpretados como característicos da al-Qaeda, por outro ninguém descarta o envolvimento de jihadistas da região da Cashemira. Uma das pistas que podem reforçar essa possibilidade foi o telefonema dado por um dos seqüestradores que se encontram no centro cultural e religioso judaico Chabad.

"Peça ao governo para falar conosco, e nós libertaremos os reféns. Você sabe quantas pessoas foram mortas na Cashemira? Você sabe quantos foram mortos nesta semana?" , disse a um canal de televisão local. 

Os efeitos políticos práticos já podem ser percebidos. Como a relação entre Índia e Paquistão nunca foi das melhores, o primeiro-ministro indiano declarou que não vai admitir que os vizinhos ofereçam abrigo seguro a terroristas que ataquem a Índia. Disse também que vai tomar todas as medidas possíveis para proteger seus cidadãos. 

Em meio à turbulência do grande volume de informações desencontradas, é interessante prestar atenção às declarações do editor internacional da revista Newsweek Fareed Zakaria. Nascido em Mumbai, ele não crê em conexões externas com outros grupos terroristas de maior porte, mas sim num ataque de muçulmanos indianos insatisfeitos. 

"Uma das histórias não contadas sobre a Índia é que a população muçulmana não foi beneficiada pelo boom (econômico) dos últimos dez anos. Ainda existe muito discriminação institucional (contra a população islâmica do país)", diz. 

Para ler a entrevista completa clique aqui.

Entretanto, algumas dúvidas permanecem se a premissa for mesmo a sustentada por Zakaria. Por que americanos e britânicos foram alvos preferenciais? Por que um centro cultural e religioso judaico foi tomado pelos terroristas? 

Vale a lembrança de que Mumbai é o distrito financeiro da Índia e que, além disso, as instituições  atacadas parecem ter sido escolhidas muito mais por seu caráter simbólico do que pelo número de mortos que os ataques poderiam causar. Exatamente como os atentados de 11 de Setembro. 

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