sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Nova teoria sobre os atentados

Ainda permanecem as dúvidas sobre os autores dos atentados na Índia e suas reais motivações. As especulações aumentam na mesma medida em que o tempo passa e os corpos aparecem. E uma das teorias menos maniqueístas talvez seja a que, até o momento, possa explicar melhor os conceitos ideológicos por trás da ação terrorista que ainda continua.

Como uma das principais plataformas internacionais do presidente eleito Barack Obama é justamente promover a aproximação entre Índia e Paquistão, o objetivo dos ataques seria causar o maior retrocesso possível no processo de pacificação da região. Segundo análise de Jane Perlez, do The New York Times, evitando a escalada de violência com a Índia, o governo paquistanês poderia se dedicar mais à luta contra militantes que usam o país como base para treinamento terrorista.

O problema, entretanto, é que promover relações normais com o histórico rival está longe de ser unanimidade mesmo entre as autoridades do alto escalão de Islamabad. O Serviço de Inteligência do Paquistão (ISI) é uma das principais instituições oficiais cuja maioria de seus membros é contrária à aproximação com a Índia. A jornalista americana cogita a possibilidade de indiretamente os terroristas terem contado com o apoio da agência em suprimentos e treinamento.

Em 2001, Nova Déli já havia acusado a ISI de ter participação no ataque ao parlamento indiano em que 12 pessoas foram mortas. Segundo Bruce Riedel, um dos assessores de Obama para assuntos relacionados ao Sudeste Asiático, Osama bin Laden teria criado um forte movimento jihadista - com apoio da Inteligência Paquistanesa - para desafiar o controle indiano na Cashemira.

Essa teoria me parece a que melhor explica a situação, uma vez que une as duas correntes de pensamento aparentemente dissociadas até então: se os ataques haviam sido planejados pela al-Qaeda ou se grupos muçulmanos descontentes da Cashemira eram os responsáveis por essa barbárie.
Acho que também vale uma observação: os seis judeus que eram mantidos reféns foram mortos pelos terroristas. A ministra das Relações Exteriores de Israel, Tzipi Livni, disse estar certa de que os judeus estavam dentre os alvos preferenciais dos ação. O ministro da defesa israelense, Ehud Barak, ofereceu às autoridades indianas ajuda humanitária, de defesa e segurança. Nova Déli, entretanto, recusou a oferta, embora oficiais da Inteligência de Israel já estejam em Mumbai.

PS: em entrevista na noite desta quinta-feira à rede de notícias CNN, o médico e escritor indiano Deepak Chopra culpou a política externa americana pelos atentados. Não há nada mais absurdo, repugnante e estúpido do que essa postura. Matar civis inocentes propositalmente e como "argumento" para qualquer reivindicação política é simplesmente condenável e injustificável. O mundo não deve e não pode relativizar o direito à vida.

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