quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Velhos hábitos talibãs no novo Afeganistão

No dia 12 de novembro, 15 mulheres foram atacadas em Kandahar, no Afeganistão, por terroristas do Talibã após deixarem a escola onde davam aulas e estudavam. Dois homens numa motocicleta jogaram ácido em seus rostos, provocando queimaduras graves. Pelo menos uma das vítimas terá de passar por uma cirurgia de reconstrução da face e do pescoço.

A banalidade do injustificável motivo para a realização do ataque torna o crime ainda mais perverso, revoltante e inadmissível: a ação faz parte de uma campanha conduzida há tempos pelo Talibã que pretende impedir mulheres de ter acesso à educação. Para tornar ainda mais clara a firme posição dos fundamentalistas a respeito do assunto, vale a informação de que até 2001 - quando os Estados Unidos expulsaram o governo Talibã do poder - as mulheres eram proibidas de freqüentar as escolas afegãs.

Nesta quinta-feira, dez homens foram presos acusados de participação no ataque. Para realizá-lo, os terroristas receberam cerca de 2 mil reais e usaram armas de brinquedo. Para complicar ainda mais os acontecimentos da região, os militantes são afegãos que vivem no Paquistão.

Ataques do Talibã a escolas do país não são incomuns. O objetivo é desencorajar a educação laica de todas as formas. Mesmo que para isso seja necessário assassinar estudantes, queimar escolas - como se tornou comum a partir de 2004 - ou, como no caso descrito, jogar ácido em mulheres.

Não importa. Para os fundamentalistas esclarecimento é um perigo tão grande que para evitá-lo é permitido qualquer sacrifício ético, moral ou mesmo religioso.

E a impunidade dos criminosos apenas alimenta a espiral da vingança. Uma professora de 23 anos de idade atingida no ataque pediu ao governo afegão que jogue ácido no rosto dos criminosos.

Clique aqui para ler o artigo do presidente afegão, Hamid Karzai, sobre o incidente. Ele lembra dos ganhos obtidos a partir da ofensiva americana de 2001, como a queda nos índices de mortalidade infantil, avanços na saúde e a existência de imprensa livre pela primeira vez na história do país.

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