O embaixador americano em Bagdá, Ryan Crocker, e o ministro das relações exteriores iraquiano, Hoshyar Zebari, assinaram um acordo que estabelece o dia 31 de dezembro de 2011 como a data-limite para a saída de todas as forças militares americanas do Iraque.
Ainda é cedo para afirmar que em três anos a presença dos Estados Unidos no país será totalmente extinta, até porque o tratado ainda precisa ser aprovado pelo parlamento iraquiano.
Mas é uma mudança radical na posição de Bush, que jamais concordara em estabelecer qualquer data para as tropas se retirarem.
Além disso, consta do acordo um item de grande importância para a geopolítica mundial: o texto deixa claro que o território iraquiano não servirá de base para o lançamento de ataques dos EUA a outros países da região.
Esta é uma mensagem clara ao Irã, que, por sinal, não se pronunciou sobre o acordo.
Mais ainda, as autoridades iraquianas parecem estar satisfeitas com o tratado. Pelo seu conteúdo e também por suas próprias pretensões no governo do país, como descrito na edição eletrônica do The New York Times:
"Em muitos casos, a aprovação (do texto) parece ser uma estratégia adotada pelos líderes do Iraque de forma a garantir sua sobrevivência política. Foram os Estados Unidos os responsáveis por alçar muitos dos atuais membros do governo (iraquiano) ao poder. E, devido à fragil situação de segurança, parte deles ainda vê a necessidade da presença militar americana no Iraque".
Ao mesmo tempo, o Iraque parece cada dia mais estar voltando aos tempos de Saddam. Denúncias dão conta de que o primeiro-ministro, Nuri al-Maliki, vem sistematicamente demitindo inspetores cuja função era combater desvios de verba e corrupção nas esferas do governo.
Em sessão no Congresso Americano, uma testemunha que ocupava o cargo de investigador chefe do governo iraquiano informou que 13 bilhões de dólares foram desviados dos Fundos de Reconstrução do Iraque mantidos pelos EUA.
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