É difícil mesmo entender porque a disputa pela Presidência americana é tão acirrada. Ou melhor, qual o sentido de ambicionar ao cargo mais importante do planeta neste exato momento histórico.
Seja quem for o eleito, o próximo presidente vai receber de bandeja uma dívida federal de 1 trilhão de dólares. As últimas notícias mostram a queda de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no pior resultado desde o índice negativo de 1,4% no terceiro trimestre de 2001, depois dos atentados de 11 de setembro.
O próximo governante americano terá em suas mãos a situação econômica mais grave dos Estados Unidos em 80 anos. O preço da gasolina caiu, mas esta não é uma novidade a ser comemorada. Ocorre devido à queda no consumo, e as rodovias registraram redução no tráfego de 3,6% em relação ao ano passado.
No campo das relações externas, os desafios são enormes. Por menos piores que tenham sido as últimas estatísticas de baixas americanas no Iraque, o efetivo militar dos Estados Unidos enfrenta grande dificuldade para controlar a situação no Afeganistão. No total, até o final do dia 3 de novembro, 4.775 soldados americanos perderam suas vidas nas duas ofensivas.
Além disso, a diplomacia e os serviços de segurança dos Estados Unidos terão de lidar com a possibilidade de um Irã nuclear, a retomada das sensíveis relações com a Rússia, a crescente onda de terrorismo na Índia e no Paquistão, a ameaça econômica e militar da China, a provável sucessão na Coréia do Norte, além de encontrar uma maneira de frear a influência de Chávez na América Latina e suas alianças com Síria, Irã e Rússia. E, é claro, a tentativa de costurar um acordo de paz definitivo entre israelenses e palestinos.
Curiosamente, esses dilemas podem ser colocados diante de Obama, cujo perfil internacionalista se contrapõe ao do atual presidente George W. Bush. Vale lembrar, entretanto, que foram os atentados de 11 de setembro os responsáveis por forçar este último a se aventurar além das fronteiras. Para refrescar a memória, Bush não tinha qualquer interesse de se tornar um grande estadista ou fazer um governo marcado pela política externa - como de fato ocorreu.
Apesar disso tudo, a Presidência americana é disputadíssima. Até porque, a oportunidade de mostrar trabalho é enorme. Portanto, quem conseguir resolver metade das complexas questões que o momento apresenta, terá feito seguramente um ótimo governo e poderá terminar este primeiro mandato com um índice de popularidade semelhante ao de Bill Clinton, que, em 2001, deixou a Casa Branca respaldado por uma taxa de aprovação de 67%.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
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