Encerrando a semana, alguns dados interessantes sobre a batalha por corações e mentes no Afeganistão. EUA e Irã, os dois atores opostos, fazem um jogo de soma zero nesta questão. Longe de igualar as ambições e comportamentos dos dois, fica claro, no entanto, que cada um usa as armas de que dispõe para limpar a própria barra e acusar o inimigo de boicote às tentativas de impor certa ordem no território afegão.
Enquanto Teerã financia radicais que atuam no Afeganistão para desestabilizar o máximo que puder os ganhos americanos, Washington não fica para trás quando tenta agir indiretamente contra o Irã. No dia 2 de março, escrevi sobre a operação iraniana de captura de Abdulmalik Rigi, líder do grupo terrorista sunita Jundallah.
Algumas informações não contestadas por Washington sinalizam um apoio mais do que velado a Rigi: 24 horas antes de sua captura, ele esteve numa base americana no Afeganistão; portava passaporte e carteira de estudantes falsos; e, para completar, a imprensa asiática dá conta de que ele estaria a caminho de um encontro com um oficial do alto escalão do governo dos EUA em algum ponto da Ásia Central. Nada disso foi negado pelo governo Obama.
Não acredito em inocência política, mas no fato de que os Estados são meramente pragmáticos na busca de seus interesses. Hoje, o Afeganistão é o principal palco do confronto silencioso cujos atores escolhem o melhor momento de partir para um enfrentamento direto. Há ainda a chance de isso não acontecer.
Ontem escrevi que o Irã estaria financiando o Talibã, mesmo que o grupo seja uma expressão radical sunita. A colunista do britânico Guardian Massoumeh Tormeh pensa diferente.
"Os iranianos consideram os talibãs islâmicos wahabistas financiados pelos sauditas. Por isso, Teerã prefere investir nos radicais ao mesmo tempo antiamericanos e antitalibãs", diz.
Eu acredito mesmo que o Irã pode ajudar todos ao mesmo tempo, sempre com o objetivo de desestabilizar o país. Por outro lado, a República Islâmica age com cuidado, já que o caos total no maior produtor de ópio do planeta pode complicar ainda mais a desgastante luta iraniana contra os traficantes de drogas que usam o Irã como um dos principais centros de distribuição para a Europa.
O interesse iraniano no Afeganistão se concentra na região oeste do país, em Herat, densamente povoada pelos xiitas. É uma maneira de manter um pé no vizinho. A influência certamente será usada no caso de um ataque israelense apoiado pelos EUA. Se isso acontecer, todo o esforço americano de reorganizar o Afeganistão terá sido em vão e o país vai se dividir de acordo com suas etnias e fidelidades religiosas. O Irã espera se aproveitar disso.
Enquanto Teerã financia radicais que atuam no Afeganistão para desestabilizar o máximo que puder os ganhos americanos, Washington não fica para trás quando tenta agir indiretamente contra o Irã. No dia 2 de março, escrevi sobre a operação iraniana de captura de Abdulmalik Rigi, líder do grupo terrorista sunita Jundallah.
Algumas informações não contestadas por Washington sinalizam um apoio mais do que velado a Rigi: 24 horas antes de sua captura, ele esteve numa base americana no Afeganistão; portava passaporte e carteira de estudantes falsos; e, para completar, a imprensa asiática dá conta de que ele estaria a caminho de um encontro com um oficial do alto escalão do governo dos EUA em algum ponto da Ásia Central. Nada disso foi negado pelo governo Obama.
Não acredito em inocência política, mas no fato de que os Estados são meramente pragmáticos na busca de seus interesses. Hoje, o Afeganistão é o principal palco do confronto silencioso cujos atores escolhem o melhor momento de partir para um enfrentamento direto. Há ainda a chance de isso não acontecer.
Ontem escrevi que o Irã estaria financiando o Talibã, mesmo que o grupo seja uma expressão radical sunita. A colunista do britânico Guardian Massoumeh Tormeh pensa diferente.
"Os iranianos consideram os talibãs islâmicos wahabistas financiados pelos sauditas. Por isso, Teerã prefere investir nos radicais ao mesmo tempo antiamericanos e antitalibãs", diz.
Eu acredito mesmo que o Irã pode ajudar todos ao mesmo tempo, sempre com o objetivo de desestabilizar o país. Por outro lado, a República Islâmica age com cuidado, já que o caos total no maior produtor de ópio do planeta pode complicar ainda mais a desgastante luta iraniana contra os traficantes de drogas que usam o Irã como um dos principais centros de distribuição para a Europa.
O interesse iraniano no Afeganistão se concentra na região oeste do país, em Herat, densamente povoada pelos xiitas. É uma maneira de manter um pé no vizinho. A influência certamente será usada no caso de um ataque israelense apoiado pelos EUA. Se isso acontecer, todo o esforço americano de reorganizar o Afeganistão terá sido em vão e o país vai se dividir de acordo com suas etnias e fidelidades religiosas. O Irã espera se aproveitar disso.
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