Primeiro de tudo, Rigi, um jovem de apenas 26 anos, é acusado de planejar um ataque que deixou 42 mortos - incluindo sete militares iranianos - na fronteira entre o Paquistão e a República Islâmica em outubro do ano passado. A região do Sistan-Baluchistão é foco permanente da tensão entre as forças governamentais e militantes sunitas que desafiam inclusive a temida Guarda Revolucionária.
Vale lembrar que 89% da população do país é xiita. Esta informação não é um dado a ser descartado. Pelo contrário. Como líder do eixo xiita no Oriente Médio, o Irã precisava dar uma resposta ao maior movimento sunita recente. Por incrível que pareça, Teerã realizou a operação de captura de Rigi como uma demonstração de força e inteligência para se opor à ação israelense que assassinou o contrabandista de armas do Hamas em Dubai.
As autoridades iranianas tentaram, inclusive, estabelecer uma relação entre Rigi e as potências ocidentais. A imprensa oficial do país noticiou que o jovem teria estado numa base americana no Afeganistão dias antes de ser preso.
"Ele foi preso num voo de Dubai ao Quirguistão. O que aconteceu em Dubai foi um escândalo que mostra o quanto o regime sionista está usando Europa e Estados Unidos para transformar a região num paraíso para os terroristas", disse Heydar Moslehi, ministro da Inteligência Iraniana. Mais claro, impossível.
Os Estados Unidos negaram a acusação, mas é bem possível mesmo que Washington dê apoio logístico ao grupo de Rigi. Afinal, ambos combatem o mesmo inimigo e esta já foi a lógica americana em tantas outras ocasiões.
Falta apenas encaixar os Estados Sunitas nesta história. Pode parecer estranho, mas eles preferem o poderio de Israel a um cenário geopolítico onde o xiita Irã prevaleça como potência hegemônica na região. Para evitar que isso aconteça, Egito, Jordânia e Arábia Saudita até admitem a manutenção do equilíbrio existente graças à força militar israelense.
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