terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Mudança de estratégia no Afeganistão

Ponto fundamental da política externa do futuro presidente Barack Obama, o Afeganistão se mostra cada vez mais difícil de apaziguar. É por isso que a Casa Branca atendeu aos pedidos do general David D. McKiernan, o alto comandante americano no país: no próximo ano, mais 20 mil soldados serão enviados para combater o Talibã. 

Apesar das negativas do governo dos Estados Unidos, a situação na porta de entrada da Guerra contra o Terror é crítica. Ao contrário dos dados positivos do Iraque, os talibãs estão longe de serem derrotados, como mostram os últimos acontecimentos. Nesta segunda-feira, mais de 100 veículos da OTAN foram destruídos numa complexa operação de sabotagem às provisões destinadas às tropas ocidentais. 

Uma vez mais, o Paquistão foi o palco das ações por um motivo muito mais logístico do que ideológico. É através de um terminal que serve de depósito de contêineres nos arredores de Peshawar que os soldados da aliança comandada pelos EUA recebem armas e alimentos. 

Em oposição ao que vem acontecedendo em Bagdá, a situação nos arredores da capital afegã está longe de ser controlada. Por isso, o alto comando americano - em conjunto com a OTAN - optou por uma mudança de estratégia nas atividades militares: o deslocamento de mais tropas para Cabul e seu entorno. Segundo o The New York Times, é a primeira vez que a inteligência militar aprova a decisão de enviar mais combatentes para as regiões que cercam a cidade. 

Nas províncias próximas a Cabul os ataques do Talibã aumentaram consideravelmente. Em Wardak, o crescimento foi de 58 porcento no último ano; em Logar, de 41 porcento. 

Esta mudança envolve a avaliação de uma série de fatores. Afinal, o contingente militar - mesmo de alguns dos exércitos mais poderosos do mundo - é limitado. E, a cada dia que passa, a opinião pública cobra resultados efetivos. Talvez esta seja a grande lição das últimas eleições americanas, ainda mais num momento de crise financeira. Os contribuintes dos Estados Unidos - que em última instância sustentam o esforço militar - sabem dos altos custos envolvendo as operações no Oriente Médio e exigem uma satisfação com dados e números claros. 

O grande dilema fica por conta justamente da diferença nos resultados dos dois principais cenários da guerra no Oriente Médio. Se por um lado - como já escrevi antes - já se considera uma estabilização no número de baixas americanas no Iraque, Obama deixa claro que está definitivamente interessado em acabar com a infra-estrutura terrorista no Afeganistão. O problema, entretanto, é que a resistência Talibã ainda é considerável, e os EUA vivem um momento de reflexão antes do início do próximo governo. 

"A administração Obama vai precisar pesar qual será o pior risco: diminuir com rapidez o contingente de soldados no Iraque e potencialmente sacrificar os ganhos obtidos por lá; ou não aumentar o número de tropas no Afeganistão, onde os esforços de guerra ainda estão em xeque, uma vez que a segurança se deteriora", escreve o jornalista Kirk Semple.

Dados ilustram os novos planos

Alguns números importantes sobre a ofensiva no Afeganistão: cerca de 62 mil militares estrangeiros lutam atualmente no país. Desse total, 32 mil são americanos. 

Os 20 mil novos soldados devem chegar aos poucos, num período que pode variar entre 12 e 18 meses.  O exército afegão hoje é composto por 70 mil soldados. Estados Unidos e OTAN planejam aumentar este contingente para 134 mil nos próximos quatro ou cinco anos. 

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