Ahtisaari pediu empenho ao presidente-eleito americano, Barack Obama, na resolução dos conflitos entre israelenses e palestinos. E, de preferência, logo em seu primeiro ano de mandato.
Em entrevista concedida à Associated Press, ninguém foi poupado de críticas.
"A comunidade internacional e aqueles que detêm o poder estão sentandos enquanto ambos os lados se dedicam à destruição mútua. As vidas (de israelenses e palestinos) se tornarão ainda mais complicadas no futuro", disse.
É bastante interessante notar como todo mundo tem uma opinião definitiva sobre o processo de paz no Oriente Médio. Embora o ex-presidente finlandês jamais tenha tido qualquer participação no conflito árabe-israelense em geral, e no israelense-palestino em particular, no momento que marca a coroação do trabalho de toda a sua vida, ele decide se lembrar do assunto.
A cada dia me parece que o conflito entre israelenses e palestinos se tornou uma válvula de escape capaz de legitimar qualquer discurso sobre a paz. Talvez por ele ser o mais midiático, mas sem dúvida não o mais mortífero.
Justamente por isso, por que não aproveitar a oportunidade em que todos estão atentos ao discurso para pedir a intervenção no Sudão, no Congo, na Somália ou no Zimbábue, onde se mata muito mais e a condição de vida das pessoas é bem inferior à de palestinos e israelenses?
Esses apelos também subestimam a inteligência de autoridades de ambos os lados, como se eles mesmos não tivessem a capacidade de resolver por si só e como se já não houvesse muita gente empenhada em solucionar a questão. No caso, além de Israel e da Autoridade Palestina, os Estados Unidos, a ONU, a Rússia, o Japão e a União Européia estão debruçados sobre a redação de propostas para a paz.
Com todo o respeito às opiniões do Prêmio Nobel da Paz de 2008, o discurso dele teria sido bem mais útil se fosse direcionado a outros conflitos que matam mais gente e para os quais ninguém dá a menor importância. Até porque, creio mesmo que israelenses e palestinos não estão muito preocupados com o que pensa o ex-presidente finlandês.
Aliás, por falar em Oriente Médio, uma grande polêmica toma conta da imprensa egípcia. Tudo por conta de um simples cumprimento entre o xeque Mohammad Sayyid Tantawi e o presidente israelense, Shimon Peres.
O encontro ocorreu durante uma conferência sobre tolerância religiosa em Nova Iorque, no último mês de novembro. Desde então, o maior jornal independente do Egito comanda uma campanha para que o xeque se demita do cargo de reitor da Universidade al-Azhar, a mais respeitada autoridade sunita do país - não é incomum essa hibridez entre instituições de ensino e religiosas - e uma das mais antigas universidades do mundo.
Como se sabe, Egito e Jordânia são os únicos Estados da região a manterem acordos de paz e relações normais - nem tão normais assim, como essa situação demonstra - com Israel. Segundo a interpretação de alguns analistas, o aperto de mão entre as autoridades pode ser visto como a normalização - por parte do xeque e da instituição sunita - das relações com Israel. Mais ainda, uma associação ao regime do presidente Hosni Mubarak, liderança bastante impopular em alguns setores da sociedade egípcia.
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