Um perigoso jogo de xadrez está sendo travado no Oriente Médio desde o fim da trégua entre o Hamas e Israel no último dia
Na quarta-feira, 80 mísseis atingiram o sul de Israel. Ontem, foram 50. O tom das declarações começa a subir. A operação militar em Gaza já está em fase final de planejamento. Por outro lado, o ministro de defesa, Ehud Barak, ordenou a suspensão temporária do bloqueio ao território palestino. Na manhã desta sexta-feira, 90 caminhões com alimentos, remédios e outros suprimentos puderam cruzar a passagem no sul de Israel e entrar em Gaza.
Ao mesmo tempo em que concordaram com a suspensão do bloqueio que mantém 1,5 milhão de palestinos em situação dramática, as autoridades do Estado Judeu convocam os próprios moradores de Gaza a impedir que Hamas e Jihad Islâmica continuem o lançamento de mísseis. Isso não irá ocorrer, mesmo sabendo que a suspensão dos ataques seria a única alternativa capaz de evitar a iminente ofensiva israelense.
A estratégia do Hamas é causar o maior dano possível de forma a maximizar os ganhos durante a negociação da nova trégua. Mais ainda, a escalada de violência é compreendida pelo grupo como uma poderosa arma de propaganda, não somente em relação aos palestinos da Cisjordânia – governados pela Autoridade Palestina e pelo Fatah do presidente opositor, Mahmoud Abbas –, bem como sobre os demais países árabes.
O Hamas aposta numa ofensiva israelense limitada, já que ainda mantém recluso o soldado Gilad Shalit – seqüestrado em junho de 2006 – e usa como estratégia a enorme densidade populacional do território. Um ataque de grandes proporções por parte do Estado Judeu causaria muitas mortes de civis, inevitavelmente.
Segundo os estrategistas do grupo extremista, a situação é amplamente desfavorável a Israel de qualquer maneira: se invadir Gaza, o Hamas receberá enorme apoio popular devido a seus mártires; se não atacar, o grupo tentará capitalizar os frutos como uma vitória sobre as forças israelenses.
Entretanto, diante dos ataques com mísseis palestinos, os partidos políticos e figuras importantes de Israel estão próximos de um consenso quanto à necessidade de retaliação. A novidade fica por conta de, neste momento, até mesmo a legenda de esquerda Meretz e o escritor e pacifista Amós Oz serem favoráveis ao uso da força para defender a população do sul do país.
No domingo, o gabinete de segurança do primeiro-ministro Ehud Olmert vai se reunir para analisar a situação em Gaza. É bem provável que o Estado Judeu lance um ataque de menor escala, usando a força área e incursões por terra cujo objetivo seria atacar alvos específicos do Hamas.
Também irão participar do encontro a ministra das relações exteriores, Tzipi Livni, e o ministro da defesa, Ehud Barak. Como candidatos do Kadima e do Partido Trabalhista, respectivamente, ambos não querem demonstrar fraqueza para a população israelense a menos de dois meses das eleições.
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