A diplomacia brasileira está em suspenso. Espera ansiosamente pela resolução de algumas das crises mais importantes para o Itamaraty. Uma delas - o conflito verbal entre Venezuela e Colômbia - parece estar bem encaminhada. Chávez e Santos se sentaram à mesma mesa e fizeram juras de confiança mútua. Pelo menos até a próxima acusação colombiana quanto à presença de guerrilheiros das Farc em território venezuelano, claro. A outra aresta a aparar é bem mais complexa. Diz respeito à relação com o Irã.
Lula acatou a resolução contra o regime de Teerã aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU. Ao anunciar que o presidente brasileiro ratificaria as medidas, o chanceler Celso Amorim usou o termo "a contragosto". Tal colocação não é por acaso. Tão importante quanto se integrar aos países que aplicarão as sanções é lembrar que o governo brasileiro não concorda com elas. Não apenas é uma forma de novamente se posicionar, mas também de reafirmar as intenções globais do país.
No entanto, por mais que a decisão do Conselho de Segurança não agrade aos propósitos internacionais de Brasília, não há nada a fazer, a não ser acatar mesmo. E digo isso porque não tomar parte na iniciativa chancelada nas Nações Unidas seria um tremendo tiro no pé para as ambições do Brasil. Afinal, quando a posição oficial é defender com entusiasmo e assertividade o multilateralismo, é preciso saber perder a discussão. E foi isso o que aconteceu.
Mas todo este grande concerto político internacional não se esgota em si. Pelo contrário. O objetivo maior dele é evitar fornecer mais material para os candidatos de oposição à presidência. Não há dúvidas de que Serra e Marina irão usar as controversas alianças forjadas por Lula para polarizar o debate. Isso, inclusive, já está sendo feito. Discretamente, no entanto.
"Eu tenho dito que é preciso que a gente tenha uma visão de negociação, mas, no caso do Irã, o Brasil deu audiência desnecessária para um governo que desrespeita os direitos humanos, que tem como objetivo construir a bomba atômica – e que tem sinalizado isso historicamente – e não se dispõe a quebrar esse paradigma”, disse Marina Silva, em campanha, nesta terça-feira.
Serra também vai fazer uso deste mesmo discurso. Não tenham dúvidas. Mas ambos os candidatos de oposição aguardam o melhor momento. Acredito que isso vai acontecer mais para o final da campanha, variando de acordo com as pesquisas de intenção de voto.
Serra e Marina creem que não se pode desperdiçar um tema tão importante logo de cara. Como tenho escrito, esta é uma das poucas "vidraças" deixadas pelo governo e cuja aprovação depende tão somente das convicções de cada um - ao contrário de outros pontos em que os números são bastante favoráveis a atual administração.
Retomando a relação entre Brasil e Irã, a oferta de Lula para receber no Brasil Sakineh Ashtiani - mulher acusada de adultério e condenada à morte - procura reverter favoravelmente as críticas às opções internacionais brasileiras. Se Ahmadinejad estivesse realmente disposto a contribuir para a eleição de Dilma, certamente levaria em consideração o apelo do presidente brasileiro e cancelaria a execução.
Lula acatou a resolução contra o regime de Teerã aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU. Ao anunciar que o presidente brasileiro ratificaria as medidas, o chanceler Celso Amorim usou o termo "a contragosto". Tal colocação não é por acaso. Tão importante quanto se integrar aos países que aplicarão as sanções é lembrar que o governo brasileiro não concorda com elas. Não apenas é uma forma de novamente se posicionar, mas também de reafirmar as intenções globais do país.
No entanto, por mais que a decisão do Conselho de Segurança não agrade aos propósitos internacionais de Brasília, não há nada a fazer, a não ser acatar mesmo. E digo isso porque não tomar parte na iniciativa chancelada nas Nações Unidas seria um tremendo tiro no pé para as ambições do Brasil. Afinal, quando a posição oficial é defender com entusiasmo e assertividade o multilateralismo, é preciso saber perder a discussão. E foi isso o que aconteceu.
Mas todo este grande concerto político internacional não se esgota em si. Pelo contrário. O objetivo maior dele é evitar fornecer mais material para os candidatos de oposição à presidência. Não há dúvidas de que Serra e Marina irão usar as controversas alianças forjadas por Lula para polarizar o debate. Isso, inclusive, já está sendo feito. Discretamente, no entanto.
"Eu tenho dito que é preciso que a gente tenha uma visão de negociação, mas, no caso do Irã, o Brasil deu audiência desnecessária para um governo que desrespeita os direitos humanos, que tem como objetivo construir a bomba atômica – e que tem sinalizado isso historicamente – e não se dispõe a quebrar esse paradigma”, disse Marina Silva, em campanha, nesta terça-feira.
Serra também vai fazer uso deste mesmo discurso. Não tenham dúvidas. Mas ambos os candidatos de oposição aguardam o melhor momento. Acredito que isso vai acontecer mais para o final da campanha, variando de acordo com as pesquisas de intenção de voto.
Serra e Marina creem que não se pode desperdiçar um tema tão importante logo de cara. Como tenho escrito, esta é uma das poucas "vidraças" deixadas pelo governo e cuja aprovação depende tão somente das convicções de cada um - ao contrário de outros pontos em que os números são bastante favoráveis a atual administração.
Retomando a relação entre Brasil e Irã, a oferta de Lula para receber no Brasil Sakineh Ashtiani - mulher acusada de adultério e condenada à morte - procura reverter favoravelmente as críticas às opções internacionais brasileiras. Se Ahmadinejad estivesse realmente disposto a contribuir para a eleição de Dilma, certamente levaria em consideração o apelo do presidente brasileiro e cancelaria a execução.
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