É preciso admitir: algo está para acontecer. Principalmente por conta das investigações quanto ao envolvimento do Hezbolah no assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri. A suspeita levantada pelo analista Meir Javedanfar é ainda mais grave.
Ele aponta a possibilidade de, acuada, a milícia xiita tomar o poder no país. Isso não é impossível mesmo.
"Poderia ser de maneira sangrenta, envolvendo confrontos armados, ou não. Talvez, por exemplo, seria realizado algum tipo de acordo com facções rivais. O Hezbolah tem capacidade militar de fazer isso, na posição de única milícia do Líbano", escreve.
Ter capacidade militar para tomar o poder é a informação mais importante a se levar em conta. E, por isso, não se pode abrir mão do fortalecimento das forças regulares libanesas, como escrevi no texto de ontem. Se o xeque Hassan Nasrallah perceber que há provas contundentes quanto à participação de seu grupo no assassinato de Hariri, a tomada de poder pode se configurar como a única saída que julgará adequada à manutenção do status quo.
Na prática, creio que o Hezbolah não tem nada a perder. Se não ficar provado seu envolvimento no caso, garante a atual posição-chave que exerce no país. Se a milícia se sentir de alguma maneira ameaçada, toma o poder. E aí, para ela, mudaria o jogo de vez e de forma muito positiva. De força influente na política libanesa, passaria a mandatária de um Estado vizinho a Israel. Ou seja, alteraria a balança de poder do Oriente Médio, sua configuração e o frágil equilíbrio da região.
Para deixar tudo mais claro: na eventualidade de Nasralah aplicar de fato um golpe, duas importantes entidades teriam deixado de existir numa das mais tensas regiões do planeta num espaço de somente três anos. O Líbano, no norte, seria substituído pelo Hezbolah; a Autoridade Palestina, em Gaza, já deu lugar ao Hamas, desde 2007. Não por acaso, ambos são aliados do Irã.
Ninguém pode prever ao certo como tal cenário funcionaria na prática. Mas não há dúvidas de que representaria uma grande vitória para a aliança xiita comandada por Teerã. E aí cabe avaliar, também, se o episódio da troca de tiros entre os exércitos libanês e israelense na semana passada já se enquadra neste novo momento. Particularmente, acho que sim. Até porque, testar a reação internacional é algo muito relevante para o Hezbolah. Isso já aconteceu antes e tudo leva a crer que a estratégia de jogar uma pedra no lago foi usada novamente.
O problema, no entanto, é que, desta vez, Israel agiu com mais inteligência. Não apenas reagiu com a mesma intensidade ao ataque, como colaborou com a ONU. E mais: recebeu aprovação das Nações Unidas, algo muito raro para os padrões regionais. Talvez, se Jerusalém tivesse agido de outra maneira, o Hezbolah poderia ter conseguido um novo conflito de maiores proporções. Muito possivelmente, a milícia xiita vai levar adiante novos "testes" na fronteira. Tais iniciativas vão depender, basicamente, dos resultados apresentados pelo governo libanês sobre o assassinato do ex-premier Hariri.
Ele aponta a possibilidade de, acuada, a milícia xiita tomar o poder no país. Isso não é impossível mesmo.
"Poderia ser de maneira sangrenta, envolvendo confrontos armados, ou não. Talvez, por exemplo, seria realizado algum tipo de acordo com facções rivais. O Hezbolah tem capacidade militar de fazer isso, na posição de única milícia do Líbano", escreve.
Ter capacidade militar para tomar o poder é a informação mais importante a se levar em conta. E, por isso, não se pode abrir mão do fortalecimento das forças regulares libanesas, como escrevi no texto de ontem. Se o xeque Hassan Nasrallah perceber que há provas contundentes quanto à participação de seu grupo no assassinato de Hariri, a tomada de poder pode se configurar como a única saída que julgará adequada à manutenção do status quo.
Na prática, creio que o Hezbolah não tem nada a perder. Se não ficar provado seu envolvimento no caso, garante a atual posição-chave que exerce no país. Se a milícia se sentir de alguma maneira ameaçada, toma o poder. E aí, para ela, mudaria o jogo de vez e de forma muito positiva. De força influente na política libanesa, passaria a mandatária de um Estado vizinho a Israel. Ou seja, alteraria a balança de poder do Oriente Médio, sua configuração e o frágil equilíbrio da região.
Para deixar tudo mais claro: na eventualidade de Nasralah aplicar de fato um golpe, duas importantes entidades teriam deixado de existir numa das mais tensas regiões do planeta num espaço de somente três anos. O Líbano, no norte, seria substituído pelo Hezbolah; a Autoridade Palestina, em Gaza, já deu lugar ao Hamas, desde 2007. Não por acaso, ambos são aliados do Irã.
Ninguém pode prever ao certo como tal cenário funcionaria na prática. Mas não há dúvidas de que representaria uma grande vitória para a aliança xiita comandada por Teerã. E aí cabe avaliar, também, se o episódio da troca de tiros entre os exércitos libanês e israelense na semana passada já se enquadra neste novo momento. Particularmente, acho que sim. Até porque, testar a reação internacional é algo muito relevante para o Hezbolah. Isso já aconteceu antes e tudo leva a crer que a estratégia de jogar uma pedra no lago foi usada novamente.
O problema, no entanto, é que, desta vez, Israel agiu com mais inteligência. Não apenas reagiu com a mesma intensidade ao ataque, como colaborou com a ONU. E mais: recebeu aprovação das Nações Unidas, algo muito raro para os padrões regionais. Talvez, se Jerusalém tivesse agido de outra maneira, o Hezbolah poderia ter conseguido um novo conflito de maiores proporções. Muito possivelmente, a milícia xiita vai levar adiante novos "testes" na fronteira. Tais iniciativas vão depender, basicamente, dos resultados apresentados pelo governo libanês sobre o assassinato do ex-premier Hariri.
Nenhum comentário:
Postar um comentário